Cabo de guerra

Servidores em greve invadem Fórum João Mendes

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10 de junho de 2010, 12h55

Cerca de 70 servidores do Judiciário paulista invadiram o Fórum João Mendes Júnior (região central da Capital) por volta do final da tarde desta quarta-feira (9/6) e permaneceram toda a noite no local. Outros 200 manifestantes ficaram do lado de fora do prédio para proteger os colegas e tentar evitar uma eventual entrada da Tropa de Choque da Polícia Militar. O judiciário paulista tem 44 mil servidores.

Nesta quinta-feira (10/6), com a suspensão do expediente e dos prazos, o presidente da corte, desembargador Viana Santos, comunica que todos os juízes dos foros regionais responderão por medidas de urgência, independentemente do valor de alçado. Os servidores do Judiciário paulista estão em greve desde 28 de abril. Eles reclamam reposição salarial de 20,16% e votação do plano de carreiras.

O quadro dentro do prédio do Tribunal de Justiça paulista é caótico. Diversos advogados que foram fazer sustentação oral ou acompanhar o julgamento dos processos estão nos corredores do prédio sem saber se haverá ou não sessão. As Câmaras Criminais foram as mais atingidas porque os processos ficam no Fórum João Mendes.

Para o cidadão, a situação também é frustrante. O gerente comercial Wanderley Caldana perdeu o dia de trabalho para participar de uma audiência marcada para as 13h, em que seria discutida uma ação de exoneração de alimentos. Saiu sem audiência e sem saber se terá de continuar pagando a pensão.

A Polícia Militar informou que o protesto começou por volta das 15h e era pacífico até as 20h. A decisão de invadir o fórum e ocupar o local durante a noite foi tomada em assembleia, depois que os servidores tomaram conhecimento da decisão do Órgão Especial que não revogou a resolução que desconta os dias parados.

No final da noite desta quarta-feira, juízes assessores da presidência do Tribunal acenaram com uma possível reunião do presidente Viana Santos com o governador Alberto Goldmann para se discutir um índice de reajuste salarial. A reunião pode acontecer esta tarde no Palácio dos Bandeirantes.

Até o final da manhã, os invasores permaneciam no local. A ocupação prejudicou o funcionamento de algumas câmaras de julgamento, principalmente aquelas que dependiam de processos que estavam no prédio João Mendes. Uma das sessões adiadas foi a 5ª Câmara Criminal, onde estava previsto o julgamento do recurso de Suzane Von Richthofen, que reclama a progressão de regime prisional do fechado para o semiaberto.

No prazo de uma semana esta é a segunda invasão de um prédio do Judiciário paulista. Na quarta-feira anterior (2/6), cerca de 300 pessoas invadiram a sede do Tribunal de Justiça e permaneceram no local até as 22h30. A ocupação foi tensa, com xingamentos e ameaças de invasão pela Tropa de Choque.

A ocupação do dia 2 obrigou o presidente do Tribunal de Justiça, Viana Santos, a permanecer no prédio, impossibilitado de deixar sua sala, pois os servidores ocuparam os corredores do quinto andar, chegando à ante-sala da presidência. Só depois de muita negociação os invasores deixaram o local.

Depois do primeiro incidente, a segurança do Tribunal foi reforçada, com o aumento da presença de militares e a Tropa de Choque à disposição do presidente da corte paulista.

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