Livro Aberto

Os livros da vida da advogada Ivette Senise

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28 de abril de 2010, 12h12

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Ivette Senise - intena - SpaccaDesde pequena Ivette Senise foi curiosa. Essa curiosidade facilitou a alfabetização. Antes dos 7 anos ela já lia. “Minhas relação com letras foi precoce e eu sempre gostei de ler”. Quando recebia um dinheiro da família para comprar doces, “corria para a banca e comprava livrinhos de história”. Como uma criança atenta e curiosa, observava as propagandas dentro do bonde enquanto voltava para casa e tentava decifrar. Ivette Senise Ferreira, preside o  Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp).

Na infância, se encantou com as aventuras de Monteiro Lobato, mas com o passar do tempo, seu interesse se expandiu formando um gosto eclético. “Leio literatura, filosofia, história, ciências com o mesmo prazer”, afirma.

Senise explica que a leitura era uma das poucas diversões em seu tempo de criança. “Não tinha televisão, só o rádio. E os cinemas ficavam na região central e só funcionava aos finais de semana”. Apesar de não ser grande fã do rádio, sempre gostou de música clássica e das dramatizações, “eu me lembro de seguir com prazer as aventuras dos Os Três Mosqueteiros e o Conde de Monte Cristo”. Apreciava também os programas de perguntas e respostas que passavam no rádio. “Era uma delícia acompanhar, porque você ficava pensando na resposta”, lembra.

Quando estava no ginásio começou a estudar inglês e, junto com seu empenho nos estudos, surgiu uma preferência que a acompanha até hoje: a leitura de escritores estrangeiros no idioma original. Poliglota, domina inglês, francês, italiano e espanhol. “Apesar de ter estudado alemão por seis anos, quando pego um livro nesse idioma sinto dificuldade, sempre recorro ao dicionário, não é fácil”. Ivette começou a aprimorar sua habilidade em outras línguas lendo livros de bolso.

Hoje, os livros dividem seu tempo com o cinema, sua segunda paixão. “Eu reservo um espaço na minha vida pra ir ao cinema, não gosto de ver em casa”. Sua escolha para filmes é igualmente diversificada, “vejo tudo”.

Na juventude, assistiu a musicais como Cantando na Chuva, passou pelos clássicos Casa Blanca e … e o vento levou, bem como obras de cineastas consagrados como Ingmar Bergman e Woody Allen. “Para mim, cinema é arte”, define. Mas, atualmente fica maravilhada com os efeitos especiais das sagas Star Wars e O Senhor dos Anéis.

Formada pela faculdade de Direito da USP em 1957, Ivette decidiu se especializar em Direito Penal em um doutorado da Faculdade de Direito de Paris. Na década de 80, voltou ao Brasil para advogar, mas logo ficou encantada pela carreira acadêmica, a qual se dedica até hoje. Em 1998, Ivette Senise foi nomeada diretora da Faculdade de Direito da USP, tornando-se a primeira mulher a ocupar o posto.


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Menor - Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato - Reprodução

Primeiro livro
As histórias infantis de um modo geral marcaram a advogada que sempre gostou de aventuras e trocava doces por livros, mas um nome ganha destaque: As reinações de Narizinho de Monteiro Lobato. “Eu li todas as histórias do Pedrinho, da Narizinho, da Emília e aquele universo maravilhoso”, rememora. “As diversões eram poucas, não tínhamos tantas opções, a gente lia muito mais”.


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Direito Quântico - Goffredo Telles Júnior - Reprodução

Livros didáticos
“Os meus livros didáticos são de direito”, diz, mas acrescenta que gosta de ler sobre ciências, e nessa busca se arriscou na física. Ivette sempre teve vocação para humanas e, automaticamente, “ojeriza” a números. “Eu não entendia porque tínhamos que aprender aquelas equações, mas quando li Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos Buracos Negros, do professor britânico Stephen Hawking eu entendi que a criação do universo é matemática”.

Para quem se interessa pelo assunto, ela recomenda o livro do professor Goffredo Silva Telles O Direito Quântico. “Ele ensina física quântica de uma maneira simples para um leigo entender. Além disso, faz uma correlação entre física e direito que é fantástica”, ressalta.


Livros jurídicos

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Comentários ao Código Penal - Nelson Hungria - DivulgaçãoNa faculdade, Ivette tinha dúvidas sobre a aréa do Direito em que deveria se especializar, mas uma falou mais alto: Direito Penal. “É apaixonante, quando você começa a estudar adora. Os livros que mais me interessaram foram de penal e criminologia”. A paixão por Direito Penal não se limitou à graduação. Ela fez pós-graduação e doutoramento na matéria.

Ivette que também é professora, conta que enquanto se iniciava em Penal, tinha dois grandes ícones, Nelson Hungria e Basileu Garcia. O primeiro, comentarista fez uma obra com doze volumes, já o segundo tinha um trabalho mais teórico.

“A obra de Hungria era nossa bíblia, uma leitura muito agradável recheada de citações estrangeiras, com os aspectos práticos. Mas já na minha pós, a maior influencia eram os autores italianos como, Giuseppe Maggiore. Teóricos que influenciaram nossa doutrina e o nosso código”, completa.


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Fernando Pessoa - Reprodução

Livros de literatura
Além de romances policiais cheios de aventuras e investigações, a advogada recomenda poesia e prosa de dois portugueses, Fernando Pessoa e José Saramago.

Para ela, Fernando Pessoa dispensa comentários de tão bom que é. Já Saramago, com sua forma de escrever de texto corrido consegue impressionar o leitor, "eu gosto do estilo da escrita, qualquer coisa que ele escreve, o faz bem. São livros maravilhosos”

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