Trajetória conturbada

Celso Pitta morre aos 63 anos vítima de câncer

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21 de novembro de 2009, 10h03

Morreu na noite desta sexta-feira (20/11), o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Ele lutava contra um câncer no intestino e estava internado no Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. O velório ocorre neste sábado, na Assembleia Legislativa de São Paulo. O advogado do economista, Remo Battaglia, disse ao portal G1, nesta manhã, que as disputas judiciais contribuíram para agravar a doença do ex-prefeito.

"Ele mesmo disse isso, que sem dúvida isso foi mais um ingrediente todos esses dissabores, problemas e disputas judiciais. Inclusive, quando ele (Pitta) estava lutando contra a doença, ele passou por isso", afirmou o advogado, citando como exemplo a prisão domiciliar pela qual passou este ano por falta de pagamento da pensão alimentícia da ex-mulher, Nicéia Pitta.

O ex-prefeito chegou a ser preso em julho do ano passado, durante a Operação Satiagraha, mesma ocasião em que também foram detidos o banqueiro Daniel Dantas e o investidor Naji Nahas. Em novembro de 2008, ele teve a prisão decretada por falta de pagamento da pensão à ex-mulher. Em abril deste ano, ele obteve um Habeas Corpus no Superior Tribunal de Justiça, permitindo que cumprisse prisão domiciliar.

À época, ele afirmou que deixou de pagar a pensão a sua ex-mulher, Nicéia Pitta, devido a perdas de contratos por tido nome envolvido na Operação Satiagraha.

De acordo com o Estadão, o primeiro emprego de Pitta foi como contínuo do IBGE. Vindo de uma família de classe média do Rio de Janeiro, Pitta se graduou pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestre em economia pela Universidade de Leeds, na Inglaterra, com curso de Administração Avançada em Harvard, nos Estados Unidos. Trabalhou por muitos anos como executivo de várias empresas. Uma delas, a Eucatex, da família Maluf. Em março de 1987, Pitta foi convidado por Roberto Maluf, irmão do ex-prefeito Paulo Maluf, para ser diretor financeiro da Eucatex. Pitta trabalhou por 10 anos na empresa.

Secretário de finanças
Por causa da morte de José Augusto Savasini, Pitta assumira o cargo de secretário municipal das Finanças da gestão de Paulo Maluf (PPB) na prefeitura de São Paulo. Um dos primeiros problemas da administração Pitta/Maluf começou com a compra de 823 toneladas de frango congelado pela Prefeitura. O negócio favorecia as empresas A’Doro Alimentícia e Obelisco Agropecuária.

O empresário Fuad Lutfalla, cunhado de Maluf, era dono da A´Doro. Sylvia Maluf, mulher do então prefeito Paulo Maluf, era dona da Obelisco. As transações com títulos públicos para pagar precatórios durante a gestão resultaram na obtenção de R$ 2,1 bilhões da União, dos quais R$ 1,8 bilhão não foi destinado a pagar precatórios, como determina a lei, segundo a CPI da Dívida Pública da Câmara Municipal de São Paulo. Essas operações teriam beneficiado corretoras de valores e bancos que participaram de transações, além de particulares e agentes públicos.

Apadrinhado por Maluf 
Em 1996, Paulo Maluf lançou seu secretário de finanças como candidato a prefeito de São Paulo. “Se Celso Pitta não for um bom prefeito, não votem mais em mim”, repetiu Maluf na televisão, lendo o script do publicitário Duda Mendonça. Dois anos depois, na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, apareceu no vídeo dizendo que, ao contrário do que prometia seu aval, Pitta não estava fazendo um bom governo.

Prefeito 
Eleito com 3.178.330 votos em 15 de novembro de 1996, 57,37% do total, Pitta assumiu o cargo com 73% dos paulistanos esperando que a cidade estaria melhor do que no último ano de governo de Paulo Maluf. Com uma dívida de cerca de R$ 1 bilhão herdada de seu antecessor e alvo de denúncias de irregularidade na emissão e colocação dos Títulos Públicos de São Paulo no mercado financeiro, o prefeito de São Paulo cortou a verba de investimentos, serviços e manutenção da cidade para tentar controlar a crise financeira. O resultado dessa decisão administrativa foi o acúmulo de lixo nas ruas, calçadas, parques públicos e a invasão do mato sobre as praças e jardins.

Processos 
Pitta já havia sido condenado em 1ª instância a 4 anos e 4 meses de prisão pela emissão irregular de precatórios quando ainda era secretário de Finanças de Paulo Maluf. A gestão Pitta ainda ficou marcada pela Máfia dos Fiscais, esquema de extorsão a donos de imóveis e ambulantes, que levou à cassação de dois vereadores. Ainda surgiram denúncias de desvios no Plano de Atendimento à Saúde (PAS), nomeação de fantasmas no governo e irregularidades com empresas de lixo. Pitta foi afastado do cargo por 19 dias em 2000, acusado de usar a Prefeitura para beneficiar empresário que lhe emprestou dinheiro. Ele foi reconduzido pela Justiça. Não tentou reeleição e fracassou na campanha a deputado federal.
 

Com informações do jornal O Estado de S.Paulo

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