29 anos

Acusado de mandar matar juiz é condenado

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12 de novembro de 2009, 8h26

O 1º Tribunal do Júri da Capital paulista condenou a 29 anos de reclusão Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, suspeito de chefiar uma facção que age de dentro dos presídios paulistas. A decisão foi do juiz Alberto Anderson depois de ouvir a opinião do Júri, formado por seis homens e uma mulher.

Marcola é acusado de ser o principal mandante do assassinato do juiz Antonio José Machado Dias, que era corregedor dos presídios de Presidente Prudente. O crime aconteceu em 14 de março de 2003. Cabe recurso ao Tribunal de Justiça.

O julgamento de Marcola começou por volta das 16h, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital, e terminou antes da meia noite desta quarta-feira (11/11). O réu não compareceu ao julgamento e, de acordo com o Judiciário paulista, não era mesmo esperado. Considerado o chefe do PCC, ele está preso em Presidente Venceslau, a 611 km de São Paulo.

A defesa de Marcola, a cargo do advogado Roberto Parentoni, sustentou que seu cliente é inocente e descartou que Marcola pudesse ter sido o mandante do assassinato do juiz-corregedor de Presidente Prudente. O acusado deveria ter sido julgado em outubro, junto com seu parceiro Julinho Carambola, mas o julgamento teve de ser adiado porque a defesa se retirou do plenário. Marcola já havia sido condenado a quase 40 anos de prisão por vários roubos. Ele ainda responde a processos decorrentes da onda de ataques a bases da PM e a policiais em 2006.

Em outubro, o mesmo 1º Tribunal do Júri condenou Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, a pena de 29 anos de prisão. Um dos líderes da facção criminosa, Carambola foi considerado um dos mandantes da morte do juiz-corregedor Antônio José Machado Dias. Carambola já havia sido condenado antes a 89 anos de prisão por uma série de crimes, entre eles um roubo e um triplo homicídio cometido em 1995 na penitenciária de Tremembé, no interior paulista.

No momento mais tenso do julgamento de Carambola, o promotor de Justiça Carlos Talarico ficou indignado quando o réu o chamou de “comedor de churrasco”. “Não posso admitir este tipo de coisa”, afirmou Talarico. Após a sentença, o advogado afirmou que vai recorrer do resultado.

Quatro testemunhas — duas de defesa e duas de acusação — foram ouvidas durante o julgamento. Os delegados de polícia Ruy Ferraz Fontes e Godofredo Bitencourt Filho afirmaram em seus depoimentos que Carambola é um dos líderes da facção criminosa. Já outros dois agentes penitenciários também disseram que tanto Marcola quanto Carambola representam temor para os funcionários do sistema penitenciário de São Paulo.

Durante todo o julgamento, Carambola demonstrou tranquilidade ao ouvir os depoimentos. Apresentou indiferença quando era acusado pelo promotor de Justiça de ser um dos principais criminosos do Estado. O advogado de Carambola usou os quase 60 minutos a que tinha direito em sua tréplica para tentar convencer os sete jurados que seu cliente não foi responsável pela morte do juiz Antônio José Machado, no dia 14 de março de 2003, em Presidente Prudente.

O Crime
O juiz-corregedor Antônio José Machado Dias foi morto em uma emboscada, em 14 de março de 2003, quando deixava o fórum de Presidente Prudente, a 558 km de São Paulo. Ele fiscalizava o Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, apontado, na época, como o presídio mais rígido do país.

O Ministério Público denunciou Marcola, Carambola e outras quatro pessoas pelo crime com base em depoimentos de outros acusados. De acordo com a Promotoria, descobriu-se que a ordem da execução do juiz foi dada por Carambola e Marcola por causa da rigidez do juiz na concessão de benefícios a presos. Ambos negam o crime.

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