Espião espionado

Agentes da Abin monitoraram espião israelense no Brasil

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24 de março de 2009, 20h41

Acusado de ter sido contratado pela empresa Kroll para fazer interceptações ilegais no Brasil, o israelense Avner Shemesh também teve conversas telefônicas monitoradas por agentes da Agência Brasileira de Inteligência. É o que afirma o relator da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA). As informações são da Agência Brasil.

Segundo Pellegrino, o agente da Abin, Lúcio Fábio Godoy de Sá, disse em depoimento à comissão que, durante sua participação na Operação Satiagraha, da Polícia Federal, manuseou materiais de escuta envolvendo o israelense. A Kroll nega que Shemesh tenha sido contratado pela empresa.

Pellegrino afirmou que Godoy e o outro agente da Abin, Jerônimo Jorge da Silva Araújo, confirmaram que participaram da Satiagraha atendendo a ordens do setor de inteligência da própria Abin. Os dois voltaram a afirmar ter ouvido do delegado Protógenes Queiroz que se tratava de uma operação de interesse internacional.

Segundo o deputado, os agentes negaram que tenham manuseado qualquer material que envolvesse o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou algo que comprometesse a Presidência da República.

Pellegrino lamentou a decisão do juiz Fausto De Sanctis de não compartilhar com a CPI os dados da Operação Satiagraha. O deputado afirmou que tentará novo contato com o juiz Luiz Renato Pacheco, responsável pelo processo da Operação Chacal, para tentar obter novos dados sobre a operação.

“Vamos atrás, agora, desse material [da Operação Satiagraha], que consideramos fundamental. Duas pontas do relatório ficaram em aberto: uma, é a participação da Abin na Operação Satiagraha, e a outra, a participação da Kroll no episódio da escuta entre Daniel Dantas e o City [Group]”, afirmou.

Ajuda informal

O presidente da CPI dos Grampos, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), não pretende esperar a conclusão da comissão para propor o indiciamento dos delegados Paulo Lacerda e Prótogenes Queiroz, além de Milton Campana e do banqueiro Daniel Dantas.

“[Os delegados] mentiram perante a CPI, dizendo que as atividades desenvolvidas foram informal com quatro ou seis agentes, quando na verdade ela foi totalmente formal com agentes da Abin”, disse.

Em relação a Dantas, o deputado informou que o pedido de indiciamento se deve em função “da denúncia do senhor Paulo Marinho, que diz que foi contratada pessoa para fazer interceptação no seu telefone particular”. Itagiba também disse que a atuação da Abin em uma operação da Polícia Federal foi indevida e até ilegal já que a Abin atuou como Policia judiciária.

Para o deputado, alguns policiais se acham acima das normas e das leis e atuam de acordo com o lema de que os fins justificam os meios. “No Estado Democrático de Direito, nós não podemos trabalhar dessa forma”, disse.

Notícia alterada às 16h30 de quarta-feira (25/3) para acréscimo de informação.

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