CPI das Escutas

Deputado federal diz que Paulo Lacerda mentiu

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17 de março de 2009, 17h01

O presidente da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), disse nesta terça-feira (17/3), que o ex-diretor da Polícia Federal e da Abin, Paulo Lacerda, mentiu em seu depoimento à CPI. Por isso, vai ser indiciado pelo crime de falso testemunho. A afirmação foi feita depois da audiência de integrantes da CPI com o juiz da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis.

“O delegado Paulo Lacerda mentiu perante a CPI, dizendo que as atividades desenvolvidas durante as investigações foram informais, com quatro ou seis agentes, quando na verdade ela foi totalmente formal com agentes da Abin", afirmou Itagiba, que também defendeu o indiciamento do delegado Protógenes Queiroz, do banqueiro Daniel Dantas e do ex-diretor-adjunto da Abin, Milton Campana.

Seis integrantes da CPI estão na capital paulista para conversar com os juízes Fausto De Sanctis e Luiz Renato Alves Pacheco de Oliveira , que presidem, respectivamente, os processos das operações Satiagraha e Chacal, e Ali Mazloum, responsável pelo processo que investiga o vazamento de informações do delegado da PF Protógenes Queiroz.

O delegado é acusado de criar uma rede de espionagem durante a Operação Satiagraha, que grampeou e bisbilhotou autoridades dos três poderes, advogados e jornalistas. Os parlamentares querem que os magistrados compartilhem documentos do inquérito com integrantes da CPI, como já fez o juiz Ali Mazloum, da 7ª Vara Criminal. Ali Mazloum suspendeu parte do sigilo da investigação e disponibilizou dados do inquérito à CPI.

“Estamos aqui para pedir a suspensão do sigilo decretada pelos juízes que atuam nessas três investigações”, afirmou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). “Viemos fazer um apelo aos juízes federais para que também disponibilizem à CPI, como fez o juiz Ali Mazloum, as informações sobre essas operações, seja suspendendo os sigilos, seja compartilhando os dados com a CPI”, disse o presidente da CPI.

Marcelo Itagiba disse que nos depoimentos prestados à CPI Paulo Lacerda, Milton Campana e o delegado Prótogenes Queiroz teriam dito que as atividades de agentes da Abin não passaram de uma colaboração informal para se fazer a investigação. Segundo ele, a CPI já tem provas de que o trabalho dos agentes federais foi uma ação indevida e ilegal.

“Paulo Lacerda mentiu deslavadamente”, completou o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). “Nós temos indícios da participação de 84 arapongas na Operação Satiagraha e do uso indiscriminados de grampos telefônicos”, completou o deputado.

A CPI dos Grampos tinha até 15 de março para encerrar os trabalhos, mas seu término foi prorrogado por mais 60 dias, depois de reportagem publica pela revista Veja. A publicação diz que o delegado que chefiou a Operação Satiagraha criou uma rede de espionagem para grampear e bisbilhotar autoridades, advogados e jornalistas.

A CPI decidiu convocar os delegados Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz para novos depoimentos. Também aprovou o convite ao delegado Amaro Vieira Ferreira, que chefia as investigações sobre o vazamento da Satiagraha, ao ex-ministro José Dirceu e ao senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE).

A CPI convidou, ainda, o ex-agente da Abin, Francisco Ambrósio do Nascimento, cujo depoimento à CPI é diferente daquele feito à PF. Também foi convidado para prestar esclarecimentos o agente da Abin Márcio Seltz, cujo depoimento tem contradições com o do delegado Paulo Lacerda.

Nesta quarta-feira (18/3), a CPI vai ouvir o delegado Amaro Vieira e dois servidores da Abin que teriam participado da Satiagraha: Lúcio Fábio Godoy de Sá e Jerônimo Jorge da Silva Araújo.

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