Perfil dissimulado

Promotor é contra regime semiaberto para Suzane

Autor

27 de julho de 2009, 17h15

O promotor Paulo José de Palma, da Promotoria de Justiça de Execuções Criminais de Taubaté (SP), deu parecer contrário à concessão de regime semiaberto para Suzane Von Richtofen, condenada por matar os pais. O advogado de Suzane, Denivaldo Barni, disse que ainda não teve acesso à íntegra da decisão e que por isso não quer se manifestar. As informações são do portal G1.

A jovem, ré confessa do assassinato dos pais, pede para cumprir o restante da pena em regime semiaberto. Na opinião do promotor, ela não tem condições de voltar às ruas. Condenada a 38 anos de prisão, Suzane está presa há quase seis anos. Funcionários da penitenciária onde ela está presa disseram ao programa Fantástico, da TV Globo, que ela apresenta bom comportamento. “Não se envolve em nenhum problema dentro da cadeia, não é fofoqueira, não é nada. Tranquila, na dela. Trabalha todo dia, o dia inteiro e ajuda também em outras áreas quando é necessário”, revela uma das funcionárias.

O trabalho na fábrica de roupas da penitenciária contribui para reduzir a pena de Suzane. Nas contas da Justiça, ela já cumpriu um sexto da condenação, tempo mínimo para ter direito ao regime semiaberto. Mas para conseguir o benefício, Suzane ainda tem de passar por um outro teste: um laudo criminológico feito por técnicos do estado e um parecer do presídio com um relatório das pessoas que convivem com ela.

O Fantástico teve acesso às informações dos dois trabalhos, que apresentaram conclusões contraditórias. Do carcereiro ao diretor do presídio, sete profissionais que convivem com Suzane foram unânimes: a jovem é uma presa exemplar. “É uma detenta nota mil, na minha opinião. Se, pelo menos, 80% da cadeia fosse igual a ela, não precisava quase nem de guarda lá dentro. Não dá problema”, conta o funcionário do presídio.

“O parecer do presídio é bem objetivo e conclui que a Suzane sempre teve um bom comportamento, sempre respeitou as pessoas da unidade, sempre se relacionou bem com as demais presas. Portanto, merece a promoção prisional”, afirma o promotor Paulo José de Palma.

Já o laudo criminológico, feito por dois psiquiatras, dois psicólogos e uma assistente social, revelou outra face de Suzane. Apesar de os psiquiatras dizerem que ela não tem uma doença mental que ofereça perigo, os psicólogos e a assistente social identificaram um perfil dissimulado. Ter a aprovação de todos que convivem com ela confirmaria isso. O psicólogo Gilberto Rodrigues, que já trabalhou em presídios, descreve o perfil de um criminoso dissimulado. “Ela cativa, envolve e traz todos para o seu lado”, aponta. “Ela sempre responde para você com sorriso no rosto. Nunca está de cara feia ou amarrada”, contou o funcionário.

No presídio, Suzane estaria manipulando da mesma forma como fez no enterro dos pais. “Aquele choro estava acontecendo para ocultar uma verdade dela. Ela se torna boazinha aos olhos dos outros para esconder um traço que ela sabe que tem”, acredita o psicólogo Gilberto Rodrigues. Ela é aceita entre as detentas, mas não querida. “Querida não porque o pessoal tem muita repulsa com esse tipo de crime”, diz o funcionário. Além disso, Suzane evita comer a comida da penitenciária. “É servido a comida normal para elas todas, igual. Agora, ela prefere comer frutas, essas coisas que são trazidas para ela”, conta. E a única visita que recebe é a do advogado. “Nunca vi família nenhuma por lá.”

Durante todo o tempo em que está presa, Suzane nunca recebeu advertência. Mas os especialistas acham que também este é um ato calculado, como na entrevista que deu ao Fantástico há três anos. “A Suzane possui uma personalidade voltada a manipular as pessoas e também a trazer as pessoas para seu lado, para as utilizarem em benefício próprio. Certamente os técnicos, muito competentes, muito inteligentes e muito probos, foram influenciados pelo perfil psicológico da Suzane”, afirmou o promotor Paulo José de Palma.

O juiz responsável pelo caso tem até sexta-feira (31/7) para tomar uma decisão: dar razão aos técnicos do presídio ou aos psicólogos. “Deixá-la na rua significa que, no primeiro momento, que ela se sinta insegura e ameaçada, toda essa bondade, esse carinho, fica em segundo plano, e ela age descontroladamente. Ela pode fazer algo incapaz de ser previsto”, acredita o psicólogo Gilberto Rodrigues.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!