Contratos com estatais

Polícia Federal indicia filho de José Sarney

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16 de julho de 2009, 10h08

O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi indiciado na quarta-feira (15/7) pela Polícia Federal. Ele é acusado de falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais. Pela investigação, o órgão mais visado foi o Ministério de Minas e Energia — controlado politicamente por seu pai. A reportagem é da Folha de S.Paulo.

Principal alvo da Operação Boi Barrica, nome de um grupo folclórico maranhense, Fernando foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ele foi ouvido pela PF, em São Luís. De acordo com o texto, Fernando sempre negou ter cometido qualquer irregularidade.

O inquérito foi aberto em 2006, inicialmente para investigar suspeitas de caixa dois na campanha de Roseana Sarney ao governo do estado. Fernando fez dois saques de sua conta pessoal no valor de R$ 1 milhão cada um nos dias 25 e 26 de outubro daquele ano. O segundo turno foi em 29 de outubro.

Contudo, no decorrer das investigações, que incluíram grampos telefônicos com autorização judicial, foram levantados indícios de outros crimes atribuídos a Fernando, sobretudo de tráfico de influência e fraude em licitações feitas por Eletrobrás, Eletronorte, Valec (estatal do Ministério dos Transportes responsável pela construção da Ferrovia Norte-Sul) e Caixa.

Ele foi apontado como "o mentor intelectual" da quadrilha que intermediava negócios privados com as estatais, que incluiria dois empresários ligados a ele — Gianfranco Vitorio Artur Perasso e Flávio Barbosa Lima. Os dois empresários foram sócios de Fernando e cursaram engenharia com ele na mesma turma da USP.

Após monitorar telefonemas e e-mails de Fernando, Flávio Lima e Gianfranco Perasso, a PF descreve no inquérito ter flagrado um pagamento de R$ 160 mil efetuado pela construtora EIT (Empresa Industrial Técnica) à PBL Construtora, de Lima e Perasso, supostamente como compensação por ter sido subcontratada para obras na Ferrovia Norte-Sul, por intermediação de Fernando.

O relatório da polícia transcreve telefonemas em que Flávio Lima pressiona a EIT a efetuar o pagamento, sob risco de não ser contratada para outro lote da Norte-Sul, cujo contrato já estaria com Fernando.

Em agosto do ano passado, a PF pediu a prisão preventiva de Fernando e do agente da PF Aluísio Guimarães Mendes Filho. Segurança de Sarney no Senado, Aluísio responde a outro inquérito acusado de ter repassado informações sigilosas sobre a Boi Barrica a Fernando.

O Ministério Público vai decidir agora se oferece ou não denúncia contra Fernando com base no trabalho da PF. Ainda segundo a reportagem, o indiciamento de Fernando é outro revés para o presidente do Senado, que enfrenta desde março acusações de irregularidades dentro e fora da Casa.

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