LIVRO ABERTO

A biblioteca básica de Cláudio Fonteles

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15 de julho de 2009, 20h16

Spacca
Claudio Fontelles - interna - SpaccaDiga-me o que lês que te direi quem és. Pensando nessa máxima, a Consultor Jurídico inicia a publicação da coluna Livro Aberto, uma série de reportagens abordando os hábitos e preferências de leitura de personalidades do mundo do Direito e da Justiça. Como o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles.

Cláudio Fonteles ocupou a Procuradoria-Geral da República de 2003 a 2005, logo no início do primeiro governo do presidente Lula. Sua passagem à frente do Ministério Público é mais lembrada pela atuação de alguns procuradores da República com marcada inclinação política, cujo exemplo maior é a do procurador Luiz Francisco de Souza.

Mas Fonteles é lembrado também pelas ações que moveu como a ADI 3.510 que contestava a permissão para o uso de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas e a ADPF 54 que contesta a autorização de aborto nos casos de gestação de feto anencefálico. Além de provocar intenso debate nos meios científico e jurídico, as ações também colocaram em evidência a sólida formação humanista de tendência católica de seu autor.

Aposentado do Ministério Público Federal desde 2008, Fonteles se dedica hoje a trabalhos de assistência social e ao estudo da Teologia. Fonteles é também membro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

Nascido no Rio de Janeiro em 1946 e formado em Universidade de Brasília em 1969, Fonteles participou da Ação Popular, movimento estudantil de esquerda na década de 60. Ele ingressou no Ministério Público Federal em 1973. Foi professor por 40 anos, ensinando desde inglês no curso fundamental até Direito Penal e Processual Penal na universidade.


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Sítio do Pica-Pau Amarelo - Monteiro Lobato - DivulgaçãoPrimeiro livro
O Sítio do Pica-pau Amarelo, de Monteiro Lobato, marcou a infância de Claudio Fonteles. Apresentado pela sua mãe, professora, o livro desenvolveu nele a habilidade de sonhar. “O livro foi importante para desenvolver a capacidade de ter um ideal, de sair do dia a dia. Aprendi a ter a capacidade de voar, transcender”, explica. Ele conta que seu compromisso com o ideal humanista, de solidariedade humana nasceu nesta fase, com ajuda dos livros e de seu pai, que sempre incentivou este pensamento.

 


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A República - Platão - DivulgaçãoLivros didáticos
Todos os livros de História do Brasil e História Geral fizeram parte da base educacional de Fonteles. Sempre simpático pela área de humanas, devorou publicações também da área de literatura. Mas foi no segundo grau, hoje ensino médio, que o ex-procurador se deparou com A República, de Platão. Aos 15 anos, morando em Brasília, a leitura do clássico despertou nele seu lado político, chegando a fazer parte da Ação Popular, ala do movimento estudantil de esquerda criado durante o período militar no Brasil.

Formado em 1961 pelo colégio Elefante Branco, ele conta que na época as escolas públicas eram melhores do que as particulares. “Éramos incentivados a formar grêmios, publicar jornais internos e formar clubes de literatura. Infelizmente, a ditadura acabou com o sistema de período integral que nos dava tempo para estas outras ocupações”, lamenta.


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Lições de Direito Penal - DivulgaçãoLivros jurídicos
No curso de Direito, na Universidade de Brasília, “durante os anos de chumbo”, Fonteles encontrou logo sua vocação para o Direito e Processo Penal. Encantou-se pelas Lições de Direito Penal, de Heleno Claudio Fragoso e Elementos de Direito Processual Penal, do professor José Frederico Marques. “Hoje essas publicações estão superadas, mas foram estes livros, divididos em quatro ou três volumes que me deram a estrutura básica de conhecimento nestas áreas.

 


Literatura básica
A poesia preenche as horas vagas de Fonteles. Os poemas de Vinícius de Moraes e Carlos Drummond de Andrade e a prosa de Jorge Amado têm preferência à sua cabeceira. Mas ele também não deixa de lado a literatura e a poesia estrangeira com destaque para Ernest Hemingway, como o Velho e o Mar e Por Quem os Sinos dobram, além das obras de Charles Baudelaire.



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Doutrina social e universidade - O Cristianismo desafiado a construir cidadania - DivulgaçãoLi e recomendo
Fora da vida jurídica a partir da sua aposentadoria, hoje Fonteles lê a Doutrina social e universidade – o cristianismo desafiado a construir cidadania, edição que reúne um ciclo de palestras na PUC quando foi apresentado o compêndio da igreja católica, reunindo teólogos e filósofos. “Hoje estou cursando a faculdade de teologia, focando na doutrina social da igreja. Atuo na formação de agentes de pastoral e para o resgate de valores”, explica.

Fonteles conta que acredita na necessidade de multiplicar a importância da honestidade, doação e solidariedade. Hoje está dedicado a projetos ligados a comunidades pobres e também a um trabalho com dependentes químicos.

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