Agressão na Suíça

Polícia suíça diz que brasileira se autoflagelou

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13 de fevereiro de 2009, 13h30

A Polícia de Zurique informou, nesta sexta-feira (13/2), que a brasileira Paula Oliveira não estava grávida no momento da agressão sofrida na última segunda (9/2). A Polícia insistiu também que não tem como comprovar que os ferimentos foram feitos por terceiros. E manteve, assim, a possibilidade de autoflagelação. Foram interrogados três suspeitos. Eles, no entanto, ficaram soltos por falta de evidências.

O diretor do Instituto de Medicina Forense da Universidade de Zurique, Walter Bär, disse que exames legistas e ginecologistas revelaram que a brasileira não estava grávida. E que ela própria fez os ferimentos. Segundo ele, os locais do corpo onde foram feitos os ferimentos podiam ser alcançados por ela.

"Além disso, as partes mais sensíveis do corpo feminino, como genitais e seios, não foram atingidos pelos ferimentos", acrescentou. "Minha conclusão é que ela mesma fez os ferimentos", afirmou. "Quero ressaltar que o Instituto de Medicina Forente da Universidade de Zurique é uma entidade independente, sem ligação com a Polícia nem com as autoridades de Justiça", observou Bär.

Reprodução
 Paula, que é advogada, afirma que foi agredida por três skinheads, um deles tatuado com uma cruz maltada na testa, na ferroviária de Stettbach, na cidade suíça de Dübendorf, próximo a Zurique. Fotografias feitas após o suposto ataque mostram a barriga e as pernas de Paula com cortes superficiais e alguns deles formavam as siglas do partido SPV (confira a propaganda do partido na foto ao lado). O partido, conhecido como Partido do Povo da Suíça, distribuiu também cartazes com três corvos negros ciscando sobre o símbolo do país. No cartaz, há a pergunta seguida de resposta: “Entrada livre para todos? Não!” Os cartazes são referentes às eleições que acontecem neste domingo (15/1), onde os suíços vão dizer se aceitam ou não o acordo com que garante livre acesso dos trabalhadores da União Européia ao mercado do país.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil e a mídia local informam que a brasileira estava ao telefone falando em português no momento do suposto ataque, o que para o Ministério o episódio teria motivação xenófoba.

Para a família da brasileira, a Polícia está querendo desviar a atenção das investigações. "A Polícia dizia no começo que minha filha teria se autoflagelado. Agora, dizem que ela não estava grávida. O que eles precisam é encontrar os culpados, e não ficar desviando a atenção", disse Paulo Oliveira, pai da advogada.

Leia abaixo a nota envida pela Polícia à imprensa:

"Na noite da segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009, a polícia da cidade de Zurique foi chamada à estação Stettbach, pois ali se encontrava uma mulher com ferimentos por corte. As circunstâncias em que os ferimentos foram feitos não estão claras. A polícia de Zurique está investigando e procura testemunhas. Pouco depois das 19h30, um homem fez contato telefônico com a polícia de Zurique pedindo socorro para uma mulher na estação Stettbach. No local, os policiais encontraram uma mulher brasileira, de 26 anos, que apresentava ferimentos por cortes superficiais. Em diferentes partes do corpo era possível identificar cortes em formato de letras, entre outros. A mulher afirmou que havia sido atacada por três homens desconhecidos, que a teriam maltratado com pisadas e a ferido com uma faca. Em seguida, ela disse que estava grávida e que, após o ataque, havia sofrido um aborto num banheiro da estação. O Serviço de Proteção e Salvamento de Zurique levou a mulher para um hospital para mais esclarecimentos.

No local do crime foi feita uma detalhada perícia. Por ora, não é possível dar esclarecimentos médicos. As circunstâncias exatas do ataque não são claras. A polícia de Zurique está investigando em todas as direções. Pede-se que as pessoas que tenham visto algo suspeito pouco depois das 19h30, no número 447 da rua Dübendorf, próximo à saída de emergência da estação, entrem em contato com a polícia no telefone 0-444-117-117. Por motivo de proteção pessoal e estratégia da investigação, não é possível no momento dar mais informações. Assim que houver outras descobertas vamos nos voltar de novo à imprensa."

(Com informações de Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo e Rádio France Internationale)

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