Desculpa gasta

Protógenes diz que seu afastamento é culpa de Dantas

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15 de abril de 2009, 16h00

O delegado federal Protógenes Queiroz adotou uma saída padrão para os revezes sofridos tanto judicial quanto administrativamente. Decisões contrárias às suas expectativas são atribuídas a um suposto “esquema Dantas”, infiltrado nos três Poderes e dedicado a favorer o banqueiro Daniel Dantas, investigado pelo delegado na Operação Satiagraha. O afastamento de Protógenes de suas atividades na Polícia Federal pela direção do departamento, no último dia 9 de abril, teve a mesma justificativa. Um processo disciplinar impediu que Protógenes desempenhe funções na PF até a conclusão da apuração, que investiga se ele participou de evento político-partidário, o que é proibido aos agentes. Segundo o blog do delegado, porém, o afastamento, decidido pelo diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, é uma “mensagem direta da organização criminosa chefiada pelo banqueiro condenado”.

O afastamento se baseia em acusação de que Protógenes se valendo de seu cargo “com fim, ostensivo ou velado, de obter proveito de natureza político partidária para si ou terceiros”, como proíbe o artigo 43, inciso 12, da Lei 4.878/65, que dispõe sobre o regime jurídico da PF. A demissão é a punição mais severa para esse tipo de infração. Até que o processo administrativo termine, Protógenes não poderá trabalhar, mas continuará recebendo salários. A ConJur publicou notícia sobre o assunto nesta terça-feira (14/4) — clique aqui para ler.

Outra investigação, feita pela Corregedoria da PF, aponta supostas irregularidades cometidas pelo delegado enquanto ele conduzia a operação Satiagraha, que apura crimes financeiros possivelmente cometidos por Daniel Dantas. O corregedor-geral da PF, delegado Amaro Vieira Ferreira, afirma já ter provas suficientes para apresentar denúncia contra Protógenes pelo uso não autorizado de arapongas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas investigações contra o banqueiro, e pelo vazamento de informações sigilosas à imprensa.

No dia 8 de abril, Protógenes compareceu à CPI das escutas clandestinas na Câmara dos Deputados protegido por um Habeas Corpus, que lhe permitiu não responder às perguntas dos parlamentares. Poucas foram as questões das quais o delegado não se esquivou usando a ordem judicial. Antes da sessão, no entanto, Protógenes afirmou que iria “dar nomes aos bois” diante dos deputados. Na realidade, só repetiu acusações já conhecidas contra Dantas e o grupo Opportunity.

“O que causa perplexidade é a sequência de datas que os fatos acontecem (sic)”, diz o delegado em seu blog. Para ele, a CPI teve o objetivo de contrangê-lo “perante a opinião pública com prisão”. Ele critica ainda o que chama de “inversão de papéis”, que tem o intuito de “desmoralização da autoridade policial judiciária”, e se escora em uma enquete realizada pelo site Uol, em que, segundo ele, 83% das pessoas aprova seu trabalho. “É com esse imenso apoio popular que diariamente renovo minhas forças”, diz o delegado, que, no entanto, nega pretensões políticas.

Clique aqui para acessar a postagem no Blog do Protógenes.

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