Vindos do exterior

Proibir pneu remoldado não resolve questão ambiental

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2 de abril de 2009, 16h24

A novela dos pneus usados parecia estar perto do fim no dia 11 de março, quando a ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, proferiu sua decisão. Ele sentenciou a morte dos pneus "alienígenas" que vieram da Europa para invadir o "Planeta Brasil". Mas a história ganhou um capítulo curioso no fim do mês de março.

Enquanto espera o veredicto final, a empresa BS Colway, que fechou sua fábrica de pneus remoldados em dezembro de 2007, depois do nocaute imposto pela ministra Ellen Gracie, também do STF, foi forçada a trancafiar seus "alienígenas" até saber se poderá ou não vendê-los a alguma outra fábrica de "pneus remold" (remoldados) que não pisou no tatami.

Sob a vigilância do Ibama, os "alienígenas" capturados na BS Colway foram trancafiados em celas improvisadas no interior da empresa, rigorosamente lacradas pelo órgão ambiental, em regime fechado, enquanto aguardam, "angustiados", um ou outro destino: se poderão ter mais vida, caso possam ser remoldados, ou se queimarão na fogueira da inquisição, no forno de alguma fábrica de cimento.

Enquanto isso, do lado de fora da extinta fábrica de pneus remold, brasileiros natos (pneus de fabricação brasileira), ou naturalizados (pneus usados que desembarcaram no Planeta Brasil quando ainda eram jovens "zero km"), desfilam carecas, sorridentes e desengonçados por nossas ruas esburacadas, sem condições de ganharem mais vidas pela remoldagem. Ao contrário dos alienígenas oriundos de planetas mais avançados, de ruas lisas e povo bem educado, os "brazucas" seguirão seus desígnios como piscina de mosquitos da dengue, depois de abandonados pelo povo.

Para completar a chanchada ambiental, los hermanos paraguaios, uruguaios e argentinos continuarão entrando no Planeta Brasil pela porta do Mercosul. Para quem não sabe, as fábricas de pneus remold do Mercosul podem trazer "alienígenas" da Europa, remoldá-los e depois vendê-los ao Brasil com direito à naturalização e liberdade de ir e vir.

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