Espionagem suprema

PF apresenta delegado que vai presidir inquérito sobre grampo

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2 de setembro de 2008, 21h11

O delegado William Maciel Murad vai presidir o inquérito que investigará as acusações de grampo ilegal de autoridades do Judiciário e do Legislativo. Murad será supervisionado pelo coordenador de Polícia Fazendária da PF, Rômulo Berredo. A informação foi dada pelo diretor-geral da Polícia Federal, Luis Fernando Corrêa, ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, nesta terça-feira (2/9). Gilmar Mendes foi uma das vítimas do grampo ilegal.

Segundo Corrêa, a reunião serviu também para combinar com o ministro a data de seu depoimento, que será ouvido pela PF como testemunha. Uma das conversas interceptadas é do ministro com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Como ministro do STF, Mendes tem a prerrogativa legal de marcar a audiência de inquirição de acordo com sua conveniência. A data ainda não foi marcada.

“Viemos demonstrar que a Polícia Federal está pronta e preparada para fazer uma investigação na medida do que a sociedade espera”, afirmou o diretor-geral. Corrêa disse, ainda, que caso o STF e o Congresso Nacional achem necessário, podem designar pessoas para acompanhar as investigações. A intenção, segundo ele, é que a investigação seja a mais transparente possível e com maior rigor técnico. “É nessa linha que a PF e o STF vão trabalhar”, afirmou.

No encontro que durou 40 minutos, estiveram presentes os delegados da Polícia Federal Romero Luciano de Menezes, diretor executivo; Daniel Lorenz de Azevedo, diretor de Inteligência; e Roberto Troncon Filho, diretor de Combate ao Crime Organizado.

A revelação do grampo foi feita pela revista Veja desta semana. De acordo com a reportagem, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitora telefones do Supremo Tribunal Federal, de congressistas e do próprio Planalto. A reportagem transcreve uma conversa telefônica entre Gilmar Mendes e Demóstenes Torres, que confirmaram o teor do diálogo.

O presidente do Supremo cancelou uma viagem que faria à Coréia do Sul para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado dos ministros Cezar Peluso e Carlos Britto. Os ministros cobraram do presidente uma resposta para o caso, já que a Abin é um órgão subordinado à Presidência da República.

Em nota, a Abin afirmou que abrirá sindicância para apurar o envolvimento de seus agentes no grampo ilegal. Na segunda-feira (1/9), o presidente Lula resolveu afastar a cúpula da Abin, inclusive o diretor, Paulo Lacerda, até o fim das investigações sobre o grampo ilegal.

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