Posto perdido

Protógenes volta ao trabalho na PF mas perde o cargo

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24 de novembro de 2008, 20h25

O delegado Protógenes Queiroz, responsável pelas investigações de supostas atividades ilícitas do banqueiro Daniel Dantas apelidadas de Operação Satiagraha, foi informado na manhã desta segunda-feira (24/11) do seu afastamento da diretoria de inteligência da Polícia Federal, onde estava lotado, antes de sair de licença para fazer um curso de especialização.

A informação foi dada a Protógenes pelo diretor de inteligência da PF, Daniel Lorenz, quando o delegado chegou à sede da corporação em Brasília, informou o Jornal Nacional da TV Globo. Caberá ao setor de Recursos Humanos da PF decidir em que setor o delegado irá trabalhar a partir de agora.

Deflagrada no dia 8 de julho, a Operação Satiagraha, que supostamente investiga crimes financeiros e de corrupção, chegou a prender o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Antes de concluir o inquérito, Protógenes Queiroz foi afastado do comando das investigações, supostamente pra fazer um curso na própria Polícia Federal.

O curso terminou na semana passada e o delegado foi aprovado, após entregar e defender a sua monografia na Academia da Polícia Federal em Brasília. Terminado, o curso, apresentou-se para retomar suas atividades.

Segundo a PF, a qualificação permite que delegados passem da categoria delegado de primeira classe, com salário de R$ 17.006,29 reais, para delegado especial, com salário de R$ 19.053,57 reais. No entanto, Protógenes deverá aguardar mais um ano pela promoção, quando terá acumulado os dez anos como delegado da PF para assumir o cargo de delegado especial.

Depois de deixar o comando das investigações, Protógenes passou a ser alvo de investigação da Polícia Federal, acusado de cometer várias irregularidades. O próprio inquérito que ele conduzia, está sendo refeito, conforme anunciou o ministro da Justiça Tarso Genro. Uma das mais graves faltas cometidas pelo delegado, foi a convocação de agentes da Abin para trabalhar nas investigações da Abin, sem autorização ou conhecimento do comando da PF. Ele também é suspeito de fazer interceptações telefônicas ilegais.

Ao atuar com autonomia, sem dar satisfações aos superiores sobre suas ações, entrou em rota de colisão com o comando da PF. Lorenz já havia reclamado publicamente da deslealdade do colega. Em depoimento à CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, Lorenz afirmou que Protógenes mentiu aos seus colegas sobre a participação da Abin na operação.

Lorenz contou ainda na CPI que as investigações das atividades de Daniel Dantas comandadas pelo delegado foram transferidas da Diretoria de Inteligência para o departamento de Combate ao Crime Organizado porque Protógenes o acusou de vazamento de informações da operação. O diretor de Inteligência nega ter vazado informações para a imprensa.

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