Relatório final da PF indicia 13 e foca acusações em Dantas
25 de julho de 2008, 13h26
O relatório final do delegado Protógenes Queiroz sobre operação que investiga o banqueiro Daniel Dantas foi entregue ao Ministério Público Federal na segunda-feira (21/7). O texto, que foi reduzido de 245 para 152 páginas, foca as acusações na suposta gestão fraudulenta do banqueiro à frente do Banco Opportunity. Além de Dantas, outras 12 pessoas foram indiciadas. O banco e seus advogados negam as acusações apontadas pela PF.
O capítulo sobre o “papel da mídia na investigação” foi o que sofreu os maiores cortes, segundo notícia do jornal Folha de S.Paulo. Com exceção da repórter Andréa Michael, os outros jornalistas mencionados foram excluídos.
Protógenes manteve as avaliações sobre o suposto lobby exercido pelo ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) no Palácio do Planalto. Greenhalgh, que é advogado de Dantas, não foi indiciado. No entanto, foi pedido à Justiça que investigue a relação do ex-deputado com o publicitário Guilherme Sodré Martins.
O delegado deixou a operação na última sexta-feira (18/7). Antes de sair da investigação, Protógenes entregou ao MPF representação na qual afirma ter havido obstrução na investigação por parte da direção da PF. Os procuradores já pediram à Justiça para investigar a acusação do delegado.
Segundo o relatório, Dantas, que é chamado de capo, operava informalmente uma rede com mais de 150 de empresas em nome de laranjas. “Identificamos a prática de manobras de investimento com o uso de informações privilegiadas, criações de inúmeras empresas, muitas delas são empresas de ‘prateleira’ utilizadas única e exclusivamente para operações de mútuo, (…) formando um complexo emaranhado que torna praticamente impossível a rastreabilidade do dinheiro da organização”, afirma o delegado em trecho publicado pela Folha.
Protógenes diz que Dantas violou leis federais ao criar e manter um fundo de investimento nas ilhas Cayman onde brasileiros não poderiam investir. A suspeita é fundada em laudos do Instituto Nacional de Criminalística. A organização movimentou cerca de US$ 1,9 bilhão, afirma o relatório.
Além de Dantas, a PF indiciou Verônica, sua irmã, chamada de “subchefe central da organização”, e diretores e gerentes do Opportunity Fund, uns apontados como laranjas, outros como testas-de-ferro. O banqueiro foi indiciado por corrupção ativa e gestão fraudulenta de instituição financeira (artigo 4º da Lei 7.492/86, que trata dos crimes do colarinho branco).
O documento será analisado pelo procurador Rodrigo de Grandis. O inquérito deverá retornar à PF, que agora deu início à perícia ao material recolhido durante a operação.
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