Feitiços e feiticeiros

Protógenes diz que PF adultera sentido de gravações

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18 de julho de 2008, 11h44

Depois do prende-não-prende, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, em fase de sai-não-sai, teria dito que seus colegas da PF adulteraram o sentido do que ele disse na reunião gravada em que se decidiu seu afastamento da Operação Satiagraha. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo.

Ironicamente, o delegado usou argumento idêntico ao dos advogados que defendem acusados pelas retumbantes operações executadas pela Polícia Federal.

De acordo com Polícia Federal, a gravação divulgada abrange pouco mais de 3 minutos das cerca de 4 horas que durou o encontro realizado na última segunda-feira (14/7), na sede da Superintendência da PF. A reunião, comandada pelo diretor de Combate ao Crime Organizado, Roberto Troncon, teria começado às 14h15min e terminado por volta das 18h. Protógenes confidenciou ainda que a direção geral da PF estaria “filtrando” as informações para induzir o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a erro.

Ao ser informado de que parte da gravação da reunião seria divulgada, Protógenes procurou seus superiores e protocolou um pedido para acessar a íntegra do material gravado. No começo do encontro de segunda-feira, os delegados que lideraram a Operação Satiagraha pretendiam gravar a reunião, mas ficou acertado que cada participante receberia uma cópia. Até a noite passada, no entanto, Protógenes não recebera sua cópia.

Quando do anúncio do afastamento dos três delegados que comandaram a Operação Satiagraha (além de Protógenes Queiroz, saíram os delegados Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pelegrini Magro), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou publicamente uma justificativa do delegado. A resposta ao presidente deverá ser dada nesta sexta-feira (18/7), quando Protógenes promete conceder uma entrevista coletiva e esclarecer as razões de seu afastamento. Murakami e Pelegrini foram convidados pelo comando da PF a voltar às investigações do caso, mas não responderam ainda ao convite.

Em outra frente, o procurador regional da República em São Paulo, Rodrigo de Grandis, também pediu para ter acesso à íntegra da gravação da reunião. O Ministério Público quer apurar se ocorreu algum tipo de “obstrução à Justiça” com a saída dos principais investigadores do caso.

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