Operação Hemostasia

PF desmantela quadrilha acusada de fraude previdenciária

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25 de janeiro de 2008, 17h19

A Polícia Federal, em parceria com o Ministério da Previdência Social, deflagrou, na manhã desta sexta-feira (25/1), em Governador Valadares, região leste de Minas Gerais, a Operação Hemostasia. O objetivo é prender integrantes de uma quadrilha especializada em fraudes previdenciárias.

A operação conta com a participação de mais de cem policiais federais e oito servidores da Previdência Social, entre eles, dois médicos-peritos, recrutados em diferentes estados da federação. Foram expedidos sete mandados de prisão e 27 de busca e apreensão.

Segundo a PF, foram encontrados indícios da existência de uma organização criminosa relacionada diretamente com o assassinato da médica-perita Maria Cristina de Souza Felipe da Silva, morta na manhã do dia 13 de setembro de 2006, quando ela saia de sua casa na Ilha dos Araújos, em Governador Valadares.

A PF informa que a apuração do homicídio revelou a existência de uma quadrilha especializada em fraudes previdenciárias, com um núcleo central formado por médicos-peritos da própria Previdência Social, despachantes e agenciadores, além de médicos particulares.

Maria Cristina Felipe teria sido assassinada a mando de seu colega de profissão, o então médico-perito Milson de Souza Brige, que, inconformado com as decisões que ela vinha tomando à frente da chefia da perícia médica, teria encomendado seu assassinato ao agenciador informal de benefícios previdenciários José Alves de Souza, o Zuza. Ambos foram condenados pelo júri federal e estão cumprindo pena.

Ainda de acordo com informações da PF, a fraude consistia na concessão irregular de benefícios por incapacidade, especialmente, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. As investigações apontam que o esquema de fraudes vem sendo operado desde o ano de 2000.

De lá para cá, várias aposentadorias ou auxílios-doença vinham sendo concedidos sem que as pessoas fossem consideradas incapazes, bastando, tão-somente, o pagamento aos integrantes do esquema. Os requerentes eram beneficiados com a remarcação e o redirecionamento das perícias médicas para médico-perito que participava do esquema, para a obtenção do benefício indevidamente.

Os levantamentos iniciais da PF indicam que os prejuízos causados podem superar R$ 10 milhões. A organização criminosa teria atuado na concessão de mais de 10 mil benefícios. Já foram constatados indícios de irregularidades em cerca de 300.

“A operação foi denominada Hemostasia em alusão ao procedimento ou mecanismo que o próprio organismo emprega para coibir hemorragias e reflete o estancamento de dinheiro público dos cofres da Previdência Social”, explica a PF.

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