Doação duvidosa

TRE cassa registros e rejeita contas de eleitos em Mato Grosso

Autor

17 de dezembro de 2008, 17h24

Oito prefeitos eleitos em Mato Grosso não tomarão posse no cargo porque tiveram seus registros cassados por abuso de poder político e econômico e compra de votos. Outros dois prefeitos tiveram as contas de campanha desaprovadas, mas poderão ser empossados. Trata-se do prefeito eleito de Cuiabá Wilson Santos e do prefeito de Diamantino, Erival Capistrano (PDT).

Não tomarão posse os prefeitos eleitos pelas cidades de Santo Antônio do Leverger, Sinop, Paranatinga, Poxoréu, Ribeirão Cascalheira, Cláudia, Novo Horizonte do Norte e Araguainha. Todos responderam ação de investigação judicial e tiveram o registro cassado por decisão da Justiça Eleitoral. A decisão tem efeito imediato, mas eles podem recorrer.

Já os prefeitos eleitos de Cuiabá e Diamantino serão empossados. A desaprovação das contas, como prevê a Lei 11.300/06 — minireforma eleitoral — não impede a diplomação. Para que eles não tomem posse é necessário que o Ministério Público Eleitoral precisa entre com Representação contra os prefeitos e a Justiça Eleitoral decida pela ilegalidade na prestação de contas.

Entre os três principais motivos que levaram o juiz à reprovação das contas de Wilson Santos estão arrecadação de recurso antes da abertura de conta bancária específica, utilização de recurso próprio, em espécie, em desacordo com o que foi declarado no registro de candidatura e apresentação de recibo eleitoral legitimador da arrecadação com rasura, que segundo o juiz, é “fato suficiente para comprometer sua validade”.

Sobre Erival Capistrano pesa a acusação de receber doação ilegal. Três doações feitas a Capistrano tinham a assinatura do agricultor Arduíno dos Santos, morador do bairro Novo Diamantino. As doações foram de R$ 4,5 mil, R$ 6 mil e R$ 10 mil, somando um total de R$ 20,5 mil, o que fez de Santos o maior doador individual da campanha de Capistrano, dono de um cartório na cidade.

Assim que as prestações de contas chegaram à Justiça Eleitoral, a coligação de Juviano Lincoln (PPS), candidato derrotado por Capistrano, procurou o agricultor para confirmar a doação. Ele negou que tivesse doado dinheiro à campanha de Capistrano. Diante do promotor eleitoral José Ricardo Costa Mattoso, o agricultor confirmou que não tinha condições de fazer doação nessa quantia e que as assinaturas dos recibos não eram dele. O promotor não tomou o depoimento formal do agricultor porque ele estava sem documento de identidade. Mattoso pediu que ele voltasse no dia seguinte para lavrar o termo de denúncia.

Arduíno dos Santos voltou no dia seguinte, mas mudou a sua versão. Reconheceu as assinaturas nos recibos como sendo suas e disse que a doação tratava de uma quitação de dívida que teria com Oliseu Batista, indicado secretário de obras de Erival Capistrano. Na época, O jornal O Divisor, que cobriu o caso, confrontou assinaturas do agricultor em outros documentos com as dos recibos e as publicou mostrando evidente disparidade.

Cique aqui para ler a decisão do TRE sobre as contas do prefeito eleito de Diamantino

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!