Investigação privada

Delegado confirma que Kroll grampeou executivos da Telecom Italia

Autor

8 de agosto de 2008, 16h39

O delegado da Polícia Federal Élzio Vicente da Silva afirmou, na quinta-feira (7/8) em depoimento à CPI das Escutas, que a Kroll Associates grampeou ilegalmente executivos da Telecom Italia. O delegado é o responsável pela Operação Chacal, que investigou em 2004 o esquema da Kroll.

Silva disse que é comum a PF encontrar, em investigações de rotina, grampos ilegais de investigadores privados. Durante a Operação Chacal, ele afirmou ter apurado que havia no mercado de investigação privada de São Paulo uma tabela de preços para escuta ilegal em telefones fixos ou celulares. Quanto aos preços, ele disse que não se lembrava.

Segundo as investigações da operação, a Kroll montou um esquema de investigação ilegal por ordem do banqueiro Daniel Dantas, que disputava o controle acionário da Brasil Telecom.

Silva afirmou, ainda, que a própria diretoria da Brasil Telecom comunicou, em 2005, à PF que havia uma cobrança da Kroll contra a empresa por serviços prestados na época que Carla Cico, braço direito de Dantas, dirigia a empresa.

O delegado defendeu também a ampliação dos poderes de monitoramente telefônico da PF. Ele quer que a Polícia tenha autonomia para receber das operadoras dados cadastrais de clientes investigados, sem a necessidade de autorização judicial prévia. Silva disse que, se empresas privadas têm direito a receber das telefônicas dados dos clientes, a prerrogativa deveria ser estendida à PF.

Ele negou que a PF estenda por “vários anos” interceptações telefônicas de investigados nas operações, mesmo que com autorização judicial. “Dizer que ininterruptamente um alvo foi investigado de 2004 a 2007, é uma análise um pouco simples”, afirmou.

Para o relator da comissão, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), as afirmações do delegado desmontam o depoimento do diretor da Kroll Eduardo Gomide, que em julho afirmou à CPI que a empresa não fazia investigações, limitando-se apenas a reunir informações públicas e analisá-las para os clientes. Pellegrino destacou que as afirmações reforçam a convicção de que o grampo ilegal se tornou uma prática comum no Brasil. O deputado Laerte Bessa (PMDB-DF) quer pedir novo depoimento do diretor da Kroll.

A CPI volta a se reunir na próxima terça-feira (12/8) para ouvir o juiz federal Fausto De Sanctis. Na quarta, a comissão ouve Daniel Dantas.

A Kroll divulgou nota nesta sexta-feira (8/8) para dizer que nunca participou de espionagem, incluindo as escutas telefônicas. Ela lembra que a própria PF deu laudo confirmando que o equipamento apreendido em 2004 na sede da empresa serve para eliminar as escutas. A empresa afirma que nunca fez espionagem de e-mail.

Leia a nota da Kroll

Com relação à notícia publicada ontem, 07 de agosto, na agência Brasil “Delegado da Polícia Federal confirma na CPI que Kroll fazia escutas clandestinas”, a empresa gostaria de esclarecer para a imprensa que: A Kroll refuta veementemente as declarações prestadas a respeito de tais afirmações descabidas.

A Kroll nunca participou de atividades de espionagem, incluindo escutas telefônicas e “invasão de e-mails” (hacking). A própria Polícia Federal constatou e emitiu um laudo confirmando que o equipamento apreendido em 2004 serve para eliminar escutas telefônicas, e com relação aos e-mails, a Kroll nunca foi acusada de invadir e-mails e nunca praticou tal atividade.

A Kroll está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos

Sobre a Kroll: A Kroll está no Brasil há mais de 14 anos. É líder mundial na área de Consultoria em Gerenciamento de Riscos, auxilia clientes a prevenir e combater ameaças, maximizar oportunidades de negócios e proteger funcionários e ativos. Com presença em mais de 33 países, a empresa preza pela ética e respeito pela lei em todas as jurisdições em que opera.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!