Novo Júri

Em novo Júri, acusado diz que matou sozinho Dorothy Stang

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22 de outubro de 2007, 13h14

Começou às 8h30 desta segunda-feira (221/10), em Belém (PA), o segundo julgamento do réu confesso do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. Rayfran das Neves Sales já havia sido julgado em dezembro de 2005. Como a pena excedeu 20 anos de prisão, ele tem direito a um novo júri.

Na primeira sentença, Rayfran foi condenado a 27 anos de reclusão. Pouco antes do meio dia desta segunda-feira, Rayfran respondeu os questionamentos da Promotoria. “Nunca fui eu quem a ameaçou. Era eu que vivia sendo ameaçado por ela”, afirmou. Segundo Rayfran, ele matou a missionária sozinho. Jamais houve uma ordem, de acordo com ele.

O julgamento é conduzido pelo juiz Raimundo Moisés Alves Flexa, da 2ª Vara Penal da Comarca de Belém. A previsão é que o julgamento dure mais de um dia.

Dorothy Stang foi morta com seis tiros no município de Anapu, a 300 quilômetros da capital paraense, em 12 de fevereiro de 2005. A missionária trabalhava com a Pastoral da Terra. Comandava a Pastoral numa área autorizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Rayfran e Clodoaldo Carlos Batista foram condenados a 27 e 17 anos de reclusão. Amair Feijoli da Cunha foi condenado a 27 anos de reclusão, como intermediário do assassinato, acusado de contratar os pistoleiros.O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Mour foi condenado a 30 anos de reclusão. Ele e acusado de mandar matar a missionária. Regivaldo Pereira Galvão, acusado igualmente de ser o mandante do crime, aguarda o julgamento de recursos para definição de júri popular.

Reação

O promotor de Justiça Edson Cardoso de Souza interpretou a declaração de Rayfran como “técnica” para tentar inocentar os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Pereira Galvão – apontados como mandantes do crime. Cardoso de Souza afirmou, na tarde desta segunda-feira, que “nenhuma pessoa de mediana inteligência vai acreditar numa situação como essa: uma pessoa idosa – e ele mesmo Rayfran confessa que ela abriu a bolsa para tirar a Bíblia – não poderia ameaçá-lo de alguma forma. Essa nova tese tripudia com qualquer bom senso”.

No final da tarde desta segunda, o promotor de Justiça adiantou que seu libelo acusatório vai sustentar que Rayfran matou a missionária “com requintes de perversidade, dolosamente e impulsionado por uma promessa de pagamento”.

Rayfran vai ser acusado de homicídio duplamente qualificado: com promessa de pagamento e recurso que dificultou a defesa da vítima. “Estamos imbuídos do propósito de confirmar a sentença anterior”, afirmou o promotor.

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