Tráfico sob fogo

Testemunhas confirmam acusações contra Abadía, diz procuradora

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17 de outubro de 2007, 19h37

Quatro testemunhas confirmaram as acusações contidas no inquérito que investiga o colombiano Juan Carlos Ramires Abadía por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, uso de documentos falsos, corrupção ativa e falsificação de documento público. Segundo a procuradora da República Adriana Scordamaglia, os depoimentos foram “satisfatórios” e reforçam a linha de acusação do Ministério Público. O processo corre em segredo de Justiça. Abadia é apontado como um megatraficante de drogas.

Os depoimentos foram tomados nesta quarta-feira (17/10) no Fórum Criminal Federal Jarbas Nobre, em São Paulo. Os outros doze réus do caso também acompanharam os depoimentos. Foram ouvidos a cirurgiã plástica Loriti Ferreira de Faria, que fez duas operações plásticas em Abadia; Danilo de Souza Agner, funcionário de Daniel Marostica — apontado como braço direito de Abadia; o corretor de seguros Cleiton Elias das Neves, que negociou bens do acusado; e Márcio Alberto, cunhado de Marostica.

Juan Carlos Abadía está preso desde agosto no presídio de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Nesta quarta, o advogado de Abadía, Sergio Alambert, pediu sua transferência para a custódia da Polícia Federal em São Paulo. Para convencer o juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal, o advogado embasa seu argumento em laudo do psiquiatra Paulo Marcio Bacha.

No documento, o médico aleta “para os fortes indícios de risco de suicídio” no rígido confinamento. Segundo o laudo, Abadía tem “humor depressivo, idéias obsessivas de cunho auto-destrutivo, insônia freqüente e pesadelos que não o deixam dormir”.

O relatório foi feito depois de uma visita de 50 minutos do psiquiatra a Abadía, em Campo Grande, em 17 de setembro. Nela, o paciente se queixou de tensão muscular, cãibras, palpitações cardíacas e “medo de morrer nos ambientes fechados”, com seguidas crises de tonturas e náusea. O laudo afirma que Abadia “tem estas ansiedades e medos, desde pequeno, devido o comportamento de seu irmão mais velho, que o prendia nos armários de casa. Nas brincadeiras que tinha com ele, sempre sentia fragilizado, e se submetia, mas, isto o fazia muito revoltado”.

Bacha medicou Abadía para combater problemas intestinais e não identificou outras alterações no exame físico. Solicitou, porém, um exame cardíaco completo do paciente. O médico ainda recomendou à direção do presídio que permitisse a Abadía caminhar ou correr e fazer alguma atividade intelectual. “Ele é formado em engenharia e entende o português, mas pedimos que participe das aulas de alfabetização para ocupar seu tempo”, disse Alambert.

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