Ponte da Amizade

PF divulga documento sobre situação na fronteira com Paraguai

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25 de julho de 2007, 13h54

A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) divulgou, nesta quarta-feira (25/7), um novo dossiê sobre aquele que é tido como o maior ponto de contrabando da América Latina: a fronteira do Brasil com o Paraguai. Segundo a Fenapef, a situação na fronteira ainda é grave, mas está “menos pior” porque algumas medidas foram adotadas no local.

Os últimos números oficiais mostram que, de janeiro a julho de 2006, foram apreendidos o equivalente a R$ 377,2 milhões em 548 operações de repressão à pirataria, contrabando e descaminho em todo o país. Isso representa aumento de 32,3% em relação ao mesmo período de 2005.

No primeiro semestre, somente a Delegacia de Foz do Iguaçu apreendeu cerca de R$ 68 milhões — um volume 35% superior ao mesmo período de 2005.

Leia a íntegra do documento:

A situação dos policiais federais e dos fiscais da Receita Federal que trabalham na Ponte da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai, parece que aos poucos fica menos constrangedora. A Fenapef voltou à ponte na última semana e pode comprovar que algumas medidas foram colocadas em prática principalmente para evitar o contrabando descarado praticado em cima da ponte. As medidas adotadas, no entanto, estão longe de resolverem o problema.

Uma das portas abertas ao contrabando, um buraco feito na cerca da Ponte da Amizade, ganhou agora a vigilância de servidores da PF, da Receita Federal e da Polícia Rodoviária Federal. A iniciativa ajudou a acabar com o “rapel” e o arremesso de contrabando pelo buraco. No entanto, o dinheiro público seria muito melhor aproveitado se o “administrador” de plantão fechasse o rombo da cerca aproveitando os servidores em outras funções.

Só para se ter uma idéia, policiais rodoviários federais foram deslocados da fronteira com a Argentina para a Ponte da Amizade só para engrossar a vigilância no local. A iniciativa acaba reforçando o efetivo na Ponte da Amizade, mas é lógico, enfraquece na fronteira com a Argentina.

No percurso da ponte outra dificuldade ainda não foi superada. Por incrível que pareça, a divisa entre dois países sofre com a precariedade na iluminação pública. “Perto de 60% das luminárias da ponte estão queimadas o que dificulta e torna o trabalho dos policiais mais perigoso”, diz Francisco Sabino, diretor de Relações do Trabalho da Fenapef.

Sabino, por sinal, procurou o presidente da Câmara de Vereadores em Foz do Iguaçu, Carlos Juliano Budel (PSDB) para tentar resolver este problema. O diretor da Fenapef levou também a reivindicação do aumento de efetivo da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal na região. O objetivo é que a Câmara, institucionalmente, assuma esta luta. Além do diretor da Federação, participaram do encontro o delegado Sindical, Adão Luiz Souza Almeida e o representante da Associação dos Servidores da Polícia Federal, Marcelino.

Francisco Sabino frisa que o delegado chefe em Foz do Iguaçu poderia dialogar com as outras instituições no sentido de buscar soluções para os problemas na ponte e no restante da fronteira. “Os “gestores” da PF em Foz do Iguaçu têm que buscar saídas para que a situação não se agrave cada vez mais”.

– Outra providência que pode ser adotada para melhorar a eficiência no combate ao crime é a utilização compartilhada do monitoramento feito através de Câmeras pela Receita Federal. A RF tem um equipamento que pode receber imagens de até 109 câmeras de vídeo, porém só 12 estão instaladas. Além disso, a Receita não dispõe de pessoal para operar o equipamento. “Os policiais poderiam fazer este trabalho numa gestão compartilhada da segurança na Ponte”, diz Sabino.

Sabino destaca que é preciso transformar a conduta dos gestores para que a Polícia Federal que atua na tríplice fronteira saia ganhando. “A sociedade merece um delegado que tenha compromisso com a instituição e que respeite os servidores. Que vista a calça jeans, a camiseta branca e o tênis, e não de um ninja que se veste todo de preto só para sair chutando marmita e pessoa caída no chão, apreendendo batata frita e canetas”.

VISITA – O diretor de relações do Trabalho da Fenapef, Francisco Sabino e o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Paraná, Ismael Oliveira se reuniram com o superintendente substituto da PRF no estado, inspetor Marcelo Gladson Pires. Sabino e Ismael foram discutir com o inspetor medidas para melhorar a segurança na fronteira do Brasil com o Paraguai.

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