Timão com problemas

Justiça federal decreta prisão de financiadores do Corinthians

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12 de julho de 2007, 15h15

O juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6° Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo, determinou a prisão de Kia Joorabchian, Boris Berezovsky e Nojan Bedround. Os iranianos Kia e Nojan são os administradores do fundo de investimento MSI Licenciamentos e Administração que comprou o setor de futebol do Sport Clube Corinthians Paulista. Boris é um empresário russo que estaria por trás do negócio.

Os três não moram no Brasil e, por isso, só podem ser presos se pisarem no país. A Interpol foi avisada sobre os Mandados. Já os dirigentes corintianos Alberto Dualib (presidente), Nesi Curi (vice-presidente), Renato Duprat Filho (braço direito de Dualib), Paulo Angioni (gerente de futebol) e o advogado da MSI Alexandre Verri (estes, sim, residentes no Brasil) foram apenas denunciados por crime de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Acatando denúncia do Ministério Público Federal, Sanctis, cuja vara é especializada em lavagem de dinheiro, ainda determinou o bloqueio dos recursos que venham a ser creditados nas contas do Corinthians por conta do contrato com o MSI.

O Corinthians recebeu uma intimação para que, em dez dias, envie à Justiça uma relação de todos os jogadores adquiridos com dinheiro da parceria com a MSI. Cópias das denúncias e Mandados de Prisão serão encaminhados ao Ministério da Justiça para que sejam tomadas as providências referentes à extradição dos acusados. Os interrogatórios dos réus brasileiros foram agendados pelo juiz para os dias 28, 29 e 30 de agosto.

Os procuradores da República responsáveis pela denúncia são Sílvio Luís Martins de Oliveira e Rodrigo de Grandis. Segundo denúncia do MP, existem indícios suficientes para se concluir que a parceria entre a MSI e o clube paulista é utilizada para a lavagem de dinheiro obtido de Boris Berezovsky.

A denúncia do Ministério Público Federal chegou às mesmas conclusões que o Ministério Público Estadual que em 2005 apresentou denúncia sobre o caso. Segundo os procuradores estaduais, Berezovsky é procurado por crimes contra o sistema financeiro de seu país, participação em organização criminosa, apoio ao terrorismo e outros crimes. O empresário, que é inimigo político do presidente russo Vladimir Putin e tem ordem de prisão na Rússia, vive atualmente na Inglaterra como exilado.

Para eles, o iraniano Kia Jarobchian que negociou o contrato com o Corinthians seria um testa de ferro de Berezovsky em outras transações suspeitas. “As operações são concretizadas com a utilização de diversas ‘offshores’ que têm o único e conhecido propósito de distanciar o investidor e a origem ilícita dos recursos de seu destino final, no caso a aquisição e venda de jogadores e produtos em clube de futebol”.

O Ministério Público aponta a participação de Paulo Angioni, que emprestou seu nome para representar três off shores para finalidades suspeitas, e dos dirigentes Alberto Dualib, Nesi Curi e Andrés Sanches, que firmaram a parceria mesmo “após terem sido cientificados, por outros diretores, dos problemas criminais dos russos”.

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