Arquivo aberto

Demarco vai à Justiça para obter informações da Brasil Telecom

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13 de fevereiro de 2007, 15h11

O empresário Luis Roberto Demarco entrou com ação na Justiça de São Paulo com pedido para que a Brasil Telecom lhe entregue documentos e informações sobre a disputa empresarial em que o grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas, disputa com a Telecom Italia, Citigroup e fundos de pensão de estatais brasileiras o controle acionário da terceira maior operadora de telefonia do país.

O interesse de Demarco em ter acesso às informações se justifica pelo fato de ele atuar como assistente da acusação no processo em que o Ministério Público pede a abertura dos dados colhidos nos computadores do Opportunity e de Daniel Dantas, apreendidos pela Polícia Federal no curso das investigações do caso Kroll.

Ex-empregado do Grupo Opportunity, Demarco se afastou da empresa e de seu antigo patrão para aliar-se aos inimigos de Daniel Dantas na disputa pelo controle da Brasil Telecom.

A justiça ordenou que o empresário enumerasse os documentos aos quais pretendia ter acesso e que mostrasse provas de que a empresa teria lhe recusado acesso às informações pedidas. As informações são da jornalista Débora Pinho, do blog Leis & Negócios da revista Exame.

Guerra de espionagem

Há um mês, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região autorizou a abertura do disco rígido do computador de Dantas, com acesso restrito às informações pertinentes ao caso em investigação. O processo se refere à suposta contratação pelo Opportunity da empresa de investigação privada Kroll para espionar a Telecom Italia e seus dirigentes. Na época, o Grupo Opportunity, de Daniel Dantas, disputava com a Telecom Italia, o CitiCorp e Fundos de Pensão de estatais o controle acionário da Brasil Telecom.

As investigações da Kroll comprovaram o envolvimento de membros do governo nos negócios, como o então secretário de Comunicações do governo Lula, Luiz Gushiken.

A origem do imbróglio é a gravação de uma entrevista feita pelo chefe de segurança da Telecom Itália, Angelo Jannone, com um ex-empregado da Kroll, o português Tiago Verdial. A legalidade dessa gravação — em que se atribui a Dantas a contratação da Kroll — e a veracidade do seu conteúdo são pontos chaves do processo.

Demarco já atuou com Gushiken do lado dos fundos de pensão para tentar afastar Daniel Dantas do controle da BrT. Foi de um computador da empresa de Demarco que saiu uma Ação Civil Pública fraudada apresentada contra o banqueiro pelo Ministério Público Federal.

Na guerra contra a Telecom Itália, quando Dantas era gestor dos fundos do Citigroup, Demarco agiu como o principal acusador de seu ex-patrão. Quando o banqueiro foi destituído da representação do comando da Brasil Telecom, Demarco anunciou um acordo com o Citi em que recebeu US$ 5 milhões para retirar as ações que mantinha contra o banco americano em Cayman.

No Congresso, Demarco também atuou como pauteiro das comissões que investigaram o Opportunity e seus diretores. Em uma delas, na Comissão de Tributação e Finanças, para pressionar a Comissão de Valores Mobiliários a punir o banco de Dantas por supostas práticas ilegais.

Processo 245.216/2006

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