OAB na investigação

Em três anos, 26 advogados foram assassinados em São Paulo

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26 de dezembro de 2007, 14h28

A OAB-SP criou uma comissão especial para ajudar a Polícia nas investigações de assassinatos, tentativas de homicídio e ameaças contra advogados no estado de São Paulo. Segundo os registros da OAB, entre janeiro de 2004 e o dia 21 de outubro de 2007, 26 advogados foram assassinados no estado, uma advogada desapareceu e houve quatro casos de ameaças graves a esses profissionais.

Conforme reportagem da Folha de S. Paulo, em três dos 26 casos de assassinatos, a Polícia e a Comissão Especial de Acompanhamento de Inquéritos dos Advogados Vítimas de Homicídio da OAB encontraram indícios de que os profissionais foram mortos porque defendiam pessoas ligadas ao crime organizado e à lavagem de dinheiro em postos de gasolina.

“Os advogados estão no liame da ética, que é sua consciência profissional. Se ele vai oscilar, isso pode custar muito caro. Às vezes, até sua vida. Para descobrir como as mortes ocorreram e se elas tiveram vinculação com o exercício da profissão que mantemos a comissão”, explica Marco Aurélio Vicente Vieira, presidente da comissão da OAB que investiga os assassinatos contra seus membros.

A maior parte dos ataques contra os 26 advogados investigados pela comissão da OAB e pela Polícia aconteceu dentro ou muito perto dos escritórios das vítimas. Quase sempre, os assassinos se passaram por pessoas interessadas em fazer algum tipo de consulta e, assim que eram recebidos, atiraram nos advogados.

Até hoje, nove dos 26 homicídios contra advogados registrados na OAB paulista foram solucionados. De acordo com a direção da comissão, 16 continuam em apuração, a maior parte deles no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Tiros

Aos 46 anos, o advogado Dorgival Rodrigues dos Santos foi morto a tiros dentro de seu escritório, no centro de Paulínia (126 km de SP), no dia 1 de junho de 2004.

Vinte e quatro dias depois, Ivan Rosa Ruiz foi morto em Santo André (ABC) e, em 16 de julho daquele ano, Cláudio Delmolin Oliveira, também de 37 anos e sócio de Ruiz.

Os dois advogados do ABC paulista foram mortos a tiros no escritório que ocupavam. Eles defenderam durante muito tempo Gildásio Siqueira Santos, empresário de Mauá. Ele é acusado pela Polícia e Ministério Público de ter ajudado o detento Wilson Roberto Cuba, o Rabugento, da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), a montar uma rede de comprar postos de combustíveis e usá-los na lavagem de dinheiro do crime, principalmente do tráfico de drogas.

Cuba também foi defendido pela advogada Libânia Catarina Fernandes Costa, presa ao lado dos advogados Valéria Dammous e Eduardo Diamante, desde junho de 2006, quando foi acusada de usar o acesso aos seus clientes para repassar ordens dos integrantes da facção criminosa aos integrantes do grupo na rua.

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