Sob nova direção

Paulo Lacerda troca Polícia Federal por chefia da Abin

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30 de agosto de 2007, 11h41

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça, Tarso Genro, confirmaram na quarta-feira (29/8) que, depois de quatro anos e meio no comando da Polícia Federal, o diretor-geral Paulo Lacerda deixará o cargo para assumir, na segunda-feira, o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). No mesmo dia, o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, tomará posse na direção da PF.

Auxiliares do presidente anunciaram a ida de Lacerda para a Abin depois de o diretor da PF participar de uma reunião no Palácio do Planalto com Lula, Tarso Genro e Luiz Fernando Corrêa. A reportagem é do jornal O Globo.

Durante o encontro, Lula disse que gostou muito do trabalho de Lacerda à frente da PF e quer ver o sucesso da instituição se repetir na Abin, um dos órgãos mais complicados da administração federal. A substituição do atual diretor, Márcio Buzanelli, por Lacerda deverá diminuir o controle militar sobre a Abin, informa a reportagem.

“O presidente disse que quer dar uma cara nova à Abin” afirmou Lacerda. Lula e Tarso decidiram fazer o convite a Lacerda na semana passada. Mas só na quarta-feira (29/8), um dia após o jornal O Globo antecipar a informação, os dois resolveram formalizar a proposta ao diretor da PF.

De acordo com a reportagem, Lula está descontente com a Abin desde 2005. Lacerda, que estava no Rio Grande do Sul, foi chamado às pressas para uma reunião no Palácio do Planalto, no fim da tarde.

Pouco depois, deixava a reunião já como futuro diretor da Abin. O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Jorge Félix, novo chefe de Lacerda, aguardou o desfecho da reunião fora do gabinete do presidente.

De hoje (quarta-feira) até segunda-feira, Lacerda deverá fazer ume estudo pormenorizado sobre a estrutura e o cenário que encontrará na Abin. Profundo conhecedor do sistema de inteligência brasileiro, o delegado sabe que a agência precisa de um novo impulso.

“Vou tentar levar recursos e dar meios para a Abin realmente funcionar. Estou otimista. Acho que teremos condições de imprimir um bom trabalho lá”, disse Lacerda.

O diretor considera importante também aumentar a colaboração entre a PF e a Abin. Os instrumentos legais de investigação da agência são considerados extremamente precários.

Por lei, a Abin não pode nem mesmo fazer interceptações telefônicas ou escutas ambientais. Lacerda acha que pode contornar as dificuldades com o intercâmbio de informações com a PF. Ele e Luiz Fernando Corrêa mantêm relações cordias.

Segundo a reportagem, logo depois do encontro com o presidente, os dois estabeleceram a aproximação das duas instituições como uma das metas prioritárias.

O presidente está descontente com a Abin desde o escândalo dos Correios, em 2005. A agência, que estava investigando fraudes na estatal, não alertou Lula sobre o caso que, logo depois, se transformaria no maior escândalo do governo.

A Abin também não preveniu o presidente sobre as vaias que ele sofreria na abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio, mês passado. A ida de Luiz Fernando Corrêa para a PF deverá resultar numa diminuição substancial da divulgação de informações sobre as grandes operações policiais de combate à corrupção.

O novo dirigente da PF

O Novo diretor da PF é gaúcho como o ministro Tarso Genro. Corrêa entrou na PF em 1980, como agente. Em 1996, passou no concurso de delegado. Desde 2004, ele comanda a Secretaria Nacional de Segurança Pública, setor central do Ministério da Justiça.

Como secretário nacional, coube a Corrêa comandar todo o esquema de segurança do Pan, tarefa até então solicitada pelo Exército. Corrêa foi chamado para a Secretaria de Segurança Pública depois de investigar o envolvimento de políticos, entre eles o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz com irregularidades na ocupação e venda de terras públicas.

Corrêa foi indicado para o cargo por líderes do PT em Brasília. O delegado é também ligado aos sindicatos de policiais federais.

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