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Conselho Federal da OAB diz não ao Movimento Cansei

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6 de agosto de 2007, 15h14

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil decidiu na manhã desta segunda-feira (6/8) pela não adesão da entidade ao chamado Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, vulgo Cansei. O protesto é encabeçado pela seccional paulista e seu presidente Luiz Flávio Borges D’Urso.

A questão foi levada ao conselho em reunião extraordinária depois de manifesta divergência entre as seccionais paulista e fluminense sobre a adesão ao movimento lançado por empresários e entidades empresariais de São Paulo. O dirigente da OAB do Rio, Wadih Damous, chamou o movimento de “golpismo paulista”.

A decisão do Conselho Federal revela que a OAB-SP está isolada politicamente dentro do quadro de apoios da entidade. Somente a secional do Distrito Federal aderiu ao movimento. A decisão desta segunda pode ser um golpe nas pretensões de D’Urso de ocupar no futuro a presidência nacional da OAB.

Semana passada, o presidente da OAB paulista classificou como grosseira e indelicada a afirmação do dirigente da OAB do Rio. Para D’Urso, a crítica é uma tentativa do grupo fluminense de adiantar o processo interno de eleições. “Um advogado não deve prejulgar”, disse D’Urso.

O dirigente paulista reagiu à declaração feita por Damous na terça-feira, segundo a qual “o Cansei é um movimento de fundo golpista, estreito e que só conta com a participação de setores e personalidades das classes sociais mais abastadas do estado de São Paulo”.

Com a decisão desta segunda, o presidente nacional da OAB Cezar Britto não participará do ato convocado por dirigentes do movimento no próximo dia 17, quando completa um mês o acidente do vôo da TAM.

Segundo Britto, a decisão dos conselheiros federais da entidade “não fez nenhum juízo de valor sobre o movimento, tendo expressado que ele é legítimo e que toda a sociedade brasileira deve se manifestar como bem entender, pois isso faz parte da democracia”.

Movimento polêmico

O movimento tem a assinatura da OAB paulista, mas é articulado pelo empresário e apresentador televisivo João Dória Júnior, conhecido pelas boas relações com a elite do PIB nacional. Também estão à frente do movimento Sérgio Gordilho, presidente da agência de publicidade África e representantes da Fiesp, como Paulo Zottolo, presidente da Philips.

Segundo os organizadores, a intenção do movimento é “sensibilizar” os brasileiros a pararem durante um minuto, às 13 horas de 17 de agosto, dia em que o acidente com o Airbus da TAM que matou 199 pessoas completa 30 dias, em protesto.

O movimento se diz apartidário, mas o governo arregimentou sua base não partidária para fazer frente a ele. MST, UNE e CUT, que dão apoio incondicional ao governo Lula, já manifestaram sua oposição ao Cansei. A central sindical lançou um contra-movimento: é o “Cansamos”. À exceção dos paulistas, os advogados, por suas representações seccionais, não vão tomar parte no movimento.

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