Operação Hurricane

PGR afirma que ministro Paulo Medina pode ter recebido propina

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18 de abril de 2007, 9h09

A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República apontaram no inquérito da Operação Furacão de que há “fortes indícios” sobre o envolvimento do ministro do Superior Tribunal de Justiça, Paulo Medina, no grupo suspeito de negociar sentenças judiciais para favorecer pessoas envolvidas com o jogo do bicho e com os bingos.

Em documento feito pela Diretoria de Inteligência, o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, escreveu que “a prova colhida revela elementos indiciários no sentido de que o ministro Paulo Medina, valendo-se da intermediação do seu irmão Virgílio Medina, teria recebido vantagem indevida para conceder a esdrúxula liminar na reclamação 2211, beneficiando a organização criminosa com a liberação das máquinas caça-níqueis”.

De acordo com a PF, Medina estaria no centro do esquema. Em um organograma feito pela Polícia intitulado “Organização Criminosa, Eventos — Modo de Agir”, o nome do ministro Paulo Medina é o primeiro de uma cadeia com mais de 20 pessoas. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.

Para os dois órgãos, Medina pode ter negociado — por intermédio de seu irmão Virgílio Medina — uma liminar concedida no ano passado para liberar 900 máquinas caça-níqueis apreendidas em Niterói por R$ 1 milhão.

A Operação Hurricane foi deflagrada na sexta-feira (13/4) nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e no Distrito Federal. O objetivo era prender supostos envolvidos em esquemas de exploração de jogo ilegal (caça-níqueis).

Foram presos os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo Regueira, o juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Ernesto da Luz Pinto Dória e o procurador regional da República João Sérgio Leal Pereira. Também foram detidos Anísio Abraão David, ex-presidente da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis; Capitão Guimarães, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro; Antônio Petrus Kalil, conhecido como Turcão, apontado pela Polícia como um dos mais influentes bicheiros do Rio; a corregedora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Suzi Pinheiro Dias de Matos, entre outros.

No sábado (14/4), o ministro Paulo Medina, do Superior Tribunal de Justiça, afirmou à ConJur que está apenas preocupado com o seu irmão, o advogado Virgílio de Oliveira Medina, preso na operação. Também investigado pela PF, o ministro disse estar com a consciência limpa e que está à disposição da Polícia para explicar as suspeitas que recaem sobre suas decisões judiciais.

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