Operação Hurricane

PF diz que juiz admitiu existir esquema de venda de sentença

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17 de abril de 2007, 19h43

A Polícia Federal informou que o juiz do Tribunal Regional de Trabalho da 15ª Região (Campinas, São Paulo) Ernesto da Luz Pinto Dória admitiu em depoimento no final de semana a existência de um esquema de venda de sentenças favoráveis à máfia de jogos ilegais. Ele foi preso com mais 24 pessoas, na sexta-feira (13/4), pela Polícia Federal durante a Operação Hurricane.

A PF não deu mais detalhes sobre o depoimento de Dória. No entanto, fontes informaram que ele foi um dos poucos a colaborar com as investigações. Dos 25 presos, 20 já prestaram depoimento. A maioria preferiu se manter em silêncio, para preservar um direito constitucional.

Os policiais esperam que a situação mude daqui para a frente, já que o Supremo Tribunal Federal autorizou os advogados dos presos a terem acesso ao processo. Um CD com cópia das peças do inquérito já está sendo entregue.

João Mestieri, advogado do procurador da República João Sérgio Leal — preso pela PF — minimizou a confissão de Dória. “Alguém segregado e em situação de desespero pode afirmar qualquer coisa. O meu cliente, eu garanto, não vendeu nada”, afirmou o advogado ao jornal Folha de S. Paulo.

Os presos estão na sede da Superintendência da PF, em Brasília. Na quarta-feira (18/4) termina o prazo de prisão preventiva. A PF vai pedir a prorrogação por mais cinco dias. Para agilizar o trâmite, o pedido deve ser feito pela Procuradoria-Geral da República, que mandaria o despacho diretamente ao Supremo Tribunal Federal.

A Operação Hurricane foi deflagrada na sexta-feira (13/4) nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e no Distrito Federal. O objetivo era prender supostos envolvidos em esquemas de exploração de jogo ilegal (caça-níqueis).

Foram presos os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 2ª Região José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo Regueira, o juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Ernesto da Luz Pinto Dória e o procurador regional da República João Sérgio Leal Pereira. Também foram detidos Anísio Abraão David, ex-presidente da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis; Capitão Guimarães, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro; Antônio Petrus Kalil, conhecido como Turcão, apontado pela Polícia como um dos mais influentes bicheiros do Rio; a corregedora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Suzi Pinheiro Dias de Matos, o advogado Virgílio Medina, irmão do ministro Paulo Medina;

No total, foram cumpridos 70 mandados de busca e apreensão e 25 mandados de prisão. Os presos foram transferidos para Brasília (DF), para serem interrogados.

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