Ossos do ofício

Justiça americana prende jornalistas que não revelaram fontes

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23 de setembro de 2006, 10h50

Por Claudio Julio Tognolli

Dois repórteres do jornal San Francisco Chronicle foram condenados, nesta quinta-feira (21/9), a 18 anos de prisão por terem se recusado a revelar suas fontes. Eles tiveram acesso a informações do júri, sob segredo de Justiça, que julga atletas famosos dos Estados Unidos, como Barry Bonds, um dos maiores jogadores de baseball.

De acordo com o site Findlaw, os repórteres Lance Williams e Mark Fainaru-Wada publicaram uma série de artigos e um livro baseados em depoimentos sigilosos prestados por estrelas do baseball, num caso que apura uso de esteróides anabolizantes. Eles escreveram detalhes sobre as drogas que o atleta Bonds acreditava estar usando por interferência de seu técnico, Greg Anderson, que já ficou três meses atrás das grades por ter se recusado a depor no caso.

Procuradores da República pediram ao juiz Jeffrey White que mandasse os dois repórteres para a cadeia até que concordassem a entregar suas fontes. O juiz mandou os dois entregarem suas fontes até o dia 15 de agosto passado. Na época, ele resgatou um precedente de 1972, da Suprema Corte dos EUA, que entendeu que ninguém, incluindo jornalistas, está acima da lei e tampouco pode se negar a testemunhar diante de um júri federal.

Aos jornalistas, cabe recorrer a Corte de Apelações dos EUA. Nas últimas semanas, Williams e Fainaru-Wada afirmaram que preferiam ir para a cadeia do que revelar suas fontes.

Claudio Julio Tognolli: é repórter especial da revista Consultor Jurídico

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