Bola de fogo

PF prende quadrilha acusada de comércio ilegal de cigarro

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10 de outubro de 2006, 13h40

A Polícia Federal desencadeou, na manhã desta terça-feira (10/10), a operação Bola de Fogo. Segundo a PF, a ação tem como objetivo desmontar uma organização criminosa responsável pelo comércio clandestino de cigarros no Brasil. Entre os presos, estão empresários, contrabandistas, advogados e servidores públicos.

A PF deve cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão em 11 estados (Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Rio Grande do Norte, Pará, Mato Grosso, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro). Participam da operação 750 policiais federais, além de servidores da Receita Federal.

A operação é resultado de dois inquéritos policiais instaurados nos estados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul. As investigações apontaram a existência de um esquema de falsificação envolvendo fábricas de cigarros no Brasil e no Paraguai e de grupos que faziam a distribuição do produto em todo o território nacional.

Durante os últimos dois anos, a PF apreendeu mais de 23 mil caixas de cigarros pertencentes ao grupo, avaliadas em aproximadamente R$ 13 milhões. Entre os crimes cometidos, estão contrabando, descaminho, sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, exploração de prestígio, falsidade ideológica, evasão de divisas, lavagem e ocultação de ativos ilícitos.

Esquema

Durante as investigações, a Polícia Federal detectou a existência de três grandes organizações criminosas envolvidas no esquema. A primeira, de acordo com as investigações, é chefiada por Hyran Georges Delgado Garcete, responsável por introduzir no território nacional cigarros contrabandeados, armas e drogas.

Com a ajuda de parentes e funcionários que faziam o papel de laranjas, ele abriu várias empresas no ramo da construção civil, de importação e exportação, e transportadoras como forma de acobertar transações comerciais ilícitas.

Boa parte do cigarro negociado por Garcete era de propriedade de outra organização, encabeçada pela empresa Sudamax Indústria e Comércio de Cigarros, instalada na cidade de Cajamar (SP). Conforme a PF, ela comercializa no país as marcas US, U5, Dollar, Campeão, Vanguard e Dunas, e para exportação, os cigarros das marcas como Mack e Red Fox.

A Sudamax ainda possui uma fábrica “espelho” no Paraguai chamada de Tabacalera Sudan SRL. Esta fábrica paraguaia é responsável pela produção dos cigarros da marca US Mild, de grande aceitação no mercado nacional.

Durante as investigações, constatou-se que os cigarros US Mild também são produzidos na própria Sudamax em Cajamar (SP), num processo conhecido dentro da empresa como Operação Dunas. Nesta operação, o objetivo é dissimular a origem do produto, colocando no mercado nacional como se ele tivesse sido contrabandeado do Paraguai.

Prova da irregularidade foi a apreensão de 8,2 mil caixas dos cigarros US Mild feita por policiais federais no último dia 12 de maio, no interior da empresa em Cajamar. Segundo as investigações, o dinheiro ilícito é investido em empresas do grupo que atuam no setor imobiliário e empresas offshore sediadas no Uruguai, configurando assim o crime de lavagem de dinheiro.

O acompanhamento das atividades da empresa Sudamax indicaram a existência de uma terceira organização criminosa, encabeçada pela Distribuidora de Alimentos e Produtos de Consumo Dunas, sediada em Natal (RN). Os sócios-proprietários da empresa coordenam um esquema especializado na distribuição atacadista de cigarros ilícitos, adquiridos no Paraguai (tanto da Tabacalera Sudan quanto em outras tabacaleras) e na Sudamax (cigarros US MILD). Outra empresa que tinha o cigarro distribuído pelo grupo era a Tabacalera Central, pertencente aos irmãos Roque e Roni Silveira.

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