Calor da discussão

Saulo de Castro é denunciado por desacato a deputados

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9 de novembro de 2006, 16h23

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, foi denunciado por desacato pelo Ministério Público paulista, nesta quinta-feira (9/11). Os autos foram encaminhados para o desembargador Celso Limongi, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, para decidir se aceita ou não a denúncia.

Saulo de Castro é acusado de desacatar os deputados estaduais Afanásio Jazadji, Carlinhos Almeida, Ênio Tatto, Ítalo Cardoso, Mário Reali, Renato Simões, Valdomiro Lopes, Vanderlei Siraque e Vinícius Camarinha, quando foi convocado para prestar esclarecimentos sobre acusações de abusos cometidos por policiais militares no estado de São Paulo durante ataques de facções criminosas.

A intenção dos deputados era saber do secretário de Segurança Pública quais eram as medidas adotadas para punir os responsáveis pelos atentados e policiais militares acusados de abusos. Saulo de Castro apareceu na Assembléia Legislativa com aproximadamente 70 policiais militares fardados e armados, que se deslocaram até o local com carros oficiais.

De acordo com a denúncia, assinada pelo procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, “a reunião [que aconteceu no mês de junho deste ano] transcorreu em clima tenso”. Saulo de Castro ensaiou passos de dança e batucou na mesa enquanto era ouvido, desviou o olhar zombando dos parlamentares e chegou a mostrar o dedo do meio, momento flagrado pelas equipes de reportagem, de acordo com o Ministério Público.

Saulo de Castro também entrou em uma discussão acalorada. Ao responder uma pergunta do deputado Ítalo Cardoso, ele disse que “não dá para comentar, explicar para o criminoso como a Polícia atua”. O deputado ponderou: “o senhor não está respondendo para criminoso, está respondendo para deputado”. O secretário não deixou barato: “Não falei que o senhor é criminoso, se a carapuça serviu…”. O parlamentar ficou irritado e rebateu: “Responda a pergunta, não tem carapuça. Tem uma pergunta clara, secretário. Perguntei se foi pelo grampo dos celulares que descobriram”. O secretário colocou então em dúvida a sexualidade de Ítalo Cardoso: “Pare com esse tom de machão, você não é assim, rapaz”.

Freguês do Judiciário

O secretário de Segurança Pública já responde judicialmente por abuso de autoridade. A denúncia foi aceita pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça no mês de julho. O caso também foi encaminhado ao presidente do TJ, desembargador Celso Limongi, pelo Ministério Público.

Segundo o MP, no dia 14 de maio, o secretário dirigia seu carro e ficou incomodado com cavaletes da Companhia de Engenharia de Tráfego que impediam a passagem por uma rua. Ele estava junto com a sua mulher e uma amiga. O secretário acionou o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil (GOE), especializado em conter rebeliões em cadeias, para descobrir os responsáveis pela barreira.

Os policiais chegaram armados e concluíram que os responsáveis pelo bloqueio seriam o dono e os funcionários do restaurante Kosushi, localizado na rua bloqueada. Por isso, algemaram o manobrista Willian Alexandre Medeiros de Mello; o porteiro Sérgio Dias da Silva e o dono do restaurante Carlos Augusto Carvalho.

Todos foram levados para o 15º DP (Itaim Bibi) por volta da meia noite. Assim que foram informados do caso, os policiais do plantão chamaram o delegado titular Mauro Guimarães Soares, que estava de folga. Na delegacia, foi constatado que o bloqueio, na verdade, havia sido determinado pela Companhia de Engenharia de Tráfego, a autoridade de trânsito da cidade, para a realização da 16ª Festa de Pentecostes, e os três presos não haviam feito nada de irregular. Por isso, foram soltos.

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