Voto de confiança

Americanos querem experimentar urna eletrônica brasileira

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8 de novembro de 2006, 13h03

O modelo brasileiro de eleições eletrônicas mereceu olas do jornalista norte-americano Michael Hickins, do site Internetnews. Para ele, o Brasil “deve se tornar o modelo para a reforma na votação eletrônica dos Estados Unidos”.

No artigo, o jornalista sustenta que máquinas de votação eletrônica estiveram sob ataque pesado nos dias que antecederam as eleições nos EUA, deixando aos votantes um desconfortável sentimento de que a vontade do povo não seria respeitada. Deforest Soaries, o ex-chefe da Comissão de Assistência às Eleições (CAE), disse que os eleitores deveriam ficar no mínimo cientes e preocupados com tal quadro.

De acordo com Soaries, as diretrizes da CAE, que ele jura ter visto, revelariam prognósticos de falha no sistema de segurança das máquinas de votação americanas. Para Soaries, o governo dos EUA errou em ter tomado para si a responsabilidade de fazer as máquinas de votação.

Ted Selker, um perito em tecnologia de votação e co-diretor do Projeto de Tecnologia de Votação do famoso centro CalTech, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), diz que o Brasil é um modelo porque “três entidades diferentes do governo são responsáveis pela implementação da votação naquele país”.

Selker afirma que, no Brasil, uma agência desenvolve as especificações, outra o software e a terceira faz os testes. E só aí companhias do setor privado concorrem pela oportunidade de produzir o equipamento para uso geral.

Para Selker, o fato de essa tecnologia ter se tornado confiável reside no emprego de três programas de software diferentes, correndo simultaneamente em cada máquina. Para ele, os três programas devem produzir o mesmo resultado e, caso não o façam, aí sim uma investigação pode ser iniciada. “A diversidade de códigos gera um sistema mais confiável”, avalia.

Selker sustenta que funcionários eleitorais jamais devem ser deixados sozinhos com as máquinas, e que pelo menos dois deles devem estar presentes quando os resultados são transmitidos ou transportados para as tabulações finais. Ainda segundo Selker, testes em paralelo, nessas máquinas, devem ser prática corrente.

Há pelo menos meia dúzia de fornecedores de máquinas de votar nos EUA, que lá são chamadas de “direct recording electronic voting machines (DREs)”. As três maiores produtoras de DREs são Diebold Election Systems, baseada em Allen, Texas, a Election Systems and Software (ES&S), de Omaha, Nebrasca, e Sequoia Voting Systems, de Oakland, Califórnia.

Mas para Deforest Soaries o sistema atual de votação nos EUA, não inspira confiança porque tais fabricantes pagam a agências independentes de testes, conhecidas como ITAs. O Congresso dos EUA, diz o especialista, não honrou o compromisso de dotar US$ 30 milhões para desenvolvimento de sistemas seguros de modelo de votação semelhante ao brasileiro.

Votação emperrada

A inexperiência no uso de máquinas de votação nas eleições parlamentares desta terça-feira forçou ao uso de votos manuais em um terço dos locais de votação. As informações são do site FindLaw.

Na cidade de Cleveland, houve demoras de até 10 minutos em se iniciar as votações, dada a incapacidade técnica de se lidar com o novo sistema.

O Partido Democrata do Colorado chegou a pedir a um juiz que estendesse por mais duas horas o horário de votação, dado os atrasos na operação das máquinas. Naquele estado o candidato democrata Bill Ritter esperou 40 minutos para votar.

No condado de Marion, em Indiana , 175 de 914 postos de votação optaram pelo voto manual, porque os funcionários eleitorais não sabiam operar as novas máquinas.

Na Carolina do Norte cerca de 100 pessoas tiveram de esperar por quase uma hora, à porta de uma Igreja, porque a pessoa que detinha a chave da sala das máquinas de votação sumiu.

Em Allentown, na Pensilvânia, um eleitor foi preso por ter “espancado” a máquina de votação com um peso de papel.

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