Missão cumprida

Fernanda Karina comemora relatório da CPI dos Correios

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30 de março de 2006, 14h58

Uma das principais e primeiras personagens a denunciar o Valerioduto — o esquema de desvio de recursos públicos e pagamento de mensalão para vários políticos da base de apoio ao governo Lula — Fernanda Karina Sommagio, ex-secretária do publicitário Marcos Valério, mostrou-se satisfeita com o relatório final da CPI dos Correios. “Não li o dossiê na íntegra, mas creio que foram indiciados todos os personagens envolvidos nesse escândalo.”

Vivendo três semanas em São Paulo, onde é pré-candidata a uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PMDB, e outros sete dias em Belo Horizonte, para curtir a companhia da filha Naina e do marido Vitor, Karina disse à revista Consultor Jurídico nesta quarta-feira (29/3) esperar que se faça Justiça, com a condenação de todos os envolvidos no milionário esquema de corrupção, motivo de uma CPI que durou dez meses de trabalhos no Congresso.

Segura, a ex-secretária discordou dos termos da nota que o ex-ministro de Comunicação do governo Lula, Luiz Gushiken, distribuiu nesta quarta, negando ter mantido contatos com Marcos Valério. “Pelo menos uma vez a cada duas semanas, Marcos Valério saía de Belo Horizonte com reuniões agendadas na Secom. Além disso, o pessoal da agência (SMP&B) que ficava em Brasília ia regularmente ao Palácio do Planalto. Difícil acreditar que jamais tenham estado frente a frente.”

Um a um

Ela diz que não se arrependeu um minuto sequer de ter denunciado seu ex-patrão. “Estou tranqüila. Era o mínimo que precisava fazer frente a minha consciência e meu dever como cidadã. Torço para que a Justiça, agora, aplique penas justas aos arrolados pela CPI.”

O relatório divulgado nesta quarta traz nomes que a ex-secretária situou no início do rififi, graças a suas pormenorizadas anotações, feitas nos quase 12 meses que trabalhou na agência de publicidade mineira. As agendas posteriormente entregues na CPI dos Correios detalhavam as ações de pessoas como Simone Vasconcelos (ex-diretora da SMP&B), Henrique Pizzolato (ex-gerente de marketing do BB), Marcos Flora (ex-presidente do Banco Popular do Brasil), além dos notórios Marcos Valério, Delúbio Soares e Sílvio Pereira.

Tanta determinação não livrou Fernanda Karina de dores de cabeça. Além de um processo que corre hoje no STJ, onde tenta se livrar de uma ação patrocinada por seu ex-chefe, ela ainda responde a processo na Justiça Federal em Belo Horizonte, movida pelo Banco do Brasil, por calúnia e difamação. Em ambos os casos, atua a seu favor o advogado criminalista mineiro Rui Pimenta.

Vida que segue

A ex-secretária vai encontrar nos próximos dias, quando voltar a Minas Gerais, uma amiga que fez um estudo sobre qual combinação de números ela deve usar associados ao 15 (do PMDB) para conseguir realizar o sonho de ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, em outubro. A convenção do partido, em São Paulo, está marcada para o próximo dia 8 de junho.

“Toda ajuda é bem-vinda”, diz ela, admitindo que só a base de doações conseguirá chegar ao Legislativo. “Estou desempregada. O único dinheiro que entra lá em casa hoje é o do salário do meu marido”, empregado de uma multinacional que opera no ramo de logística.

Além de bater na tecla da necessidade de uma reforma política no país — “que acabe com a imoralidade do voto secreto nas sessões que decidem pela cassação ou não de um congressista” — a ex-secretária diz que a luta em prol de um meio ambiente mais saudável será outra de suas bandeiras. “Fico orgulhosa quando minha filha pede que eu faça uma lei, ao ouvir uma lamentável notícia sobre a destruição de uma mata ou a poluição de um rio”, concluiu.

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