Crimes de guerra

Slobodan Milosevic é encontrado morto em sua cela em Haia

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11 de março de 2006, 19h28

O ex-presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, foi encontrado morto na sua cela em Haia, na Holanda, neste sábado (11/3). Processado por crimes de guerra, Milosevic tinha 64 anos e sofria de problemas cardíacos.

A morte poderá criar uma polêmica na Corte Internacional em Haia, já que o tribunal negou autorização para que Milosevic fosse tratado em Moscou há um mês.

Acusado de genocídio durante a guerra civil na Bósnia (década de 90), o ex-líder iugoslavo fazia a própria defesa e chegou a arrolar como testemunha o ex-presidente americano Bill Clinton e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair. As informações são do Portal do Estadão .

Líderes dos Balcãs lamentaram que o ex-presidente iugoslavo tenha morrido sem ter sido julgado e condenado pelos seus crimes. A Europa pediu que o fato seja considerado como uma oportunidade para que a região supere seu passado e que os demais autores de crimes sejam entregues ao Tribunal Penal Internacional.

“É uma pena que Milosevic não tenha vivido para passar por seu julgamento e que não tenha tido a sentença que merecia”, afirmou Stjepan Mesic, presidente da Croácia. No Kosovo, última guerra promovida por Milosevic, vários políticos também gostariam de ter visto uma condenação.

A União Européia alertou que a morte do ex-presidente não absolve a Sérvia de entregar outros acusados de crimes durante os anos 90. A UE, acusada de imobilismo enquanto a região entrava em guerra na década de 90, pede que o fato seja encarado como uma necessidade de que os Balcãs encarem seu passado e pensem no futuro. “Espero que esse fato ajude os sérvios a olhar definitivamente para o futuro”, afirmou Javier Solana, chefe da diplomacia européia.

A Áustria, que ocupa a presidência da UE e que faz fronteira com os balcãs, tentou garantir que a morte de Milosevic não afetará os processos no tribunal de Haia envolvendo outros acusados. “Isso não muda a necessidade de a região resolver seu passado, com o legado do qual Milosevic fez parte”, afirmou Ursula Plassnik, ministra das Relações Exteriores da Áustria.

Paddy Ashdown, ex-representante da UE na Bósnia, alerta que a morte do líder pode gerar certa instabilidade na região por algum tempo, já que simpatizantes de Milosevic podem querer mostrar que ainda existem.

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