De volta aos cofres

Mais de R$ 2 milhões desviados por Pitta voltam para São Paulo

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27 de maio de 2006, 12h20

Acostumado com notícias sobre o envio ilegal do tesouro municipal para o exterior, o paulistano tem motivo para comemorar — pelo menos dessa vez. Depois de uma investigação iniciada em 2002, o Ministério Público conseguiu transferir de volta ao Brasil R$ 2,3 milhões das Ilhas Cayman, paraíso fiscal escolhido pelo ex-prefeito Celso Pitta (1997-2000) para, segundo o MP, esconder parte verbas desviadas das obras da avenida Águas Espraiadas, atual avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul. As informações são de Arthur Guimarães para o jornal O Estado de S. Paulo.

O anúncio foi feito nesta sexta-feira (26/5), pelo promotor da Cidadania Silvio Marques. O dinheiro, explica ele, estava na conta da ex-esposa de Pitta, Nicéa Camargo , depois de ter viajado pelos Estados Unidos, Suíça, Ilha Guernsey — vizinha das Jersey, no Canal da Mancha —, e Liechtenstein, pequeno país europeu. “Conversamos com Nicéa em novembro, e ela disse que o dinheiro era do ex-prefeito. E que poderíamos pedir sua transferência para uma conta aberta judicialmente por nós”, explicou Marques. “O depósito foi feito ontem (quinta-feira 25/5 ), em uma conta da Nossa Caixa”, afirmou.

O promotor disse que, agora, cabe à prefeitura pedir os recursos para a juíza Simone Casarotti, da14ª Vara da Fazenda Pública, que bloqueou as verbas de Pitta, acusado de improbidade administrativa.

Procurado, o secretário municipal dos Negócios Jurídicos, Luiz Antônio Marrey, não foi encontrado para explicar o que pretende fazer. Segundo a assessoria de imprensa do gabinete do prefeito Gilberto Kassab (PFL), o governo ainda não teria sido notificado.

Ponta do iceberg

O MP calcula que outros 60 milhões de dólares desviados por Pitta de outras obras ainda estão em outros paraísos fiscais. Só no contrato da avenida Águas Espraiadas, orçado em R$ 796 milhões, 30% teria sido encaminhado para contas secretas de Pitta e do ex-prefeito Paulo Maluf (1993-1996).

Antenor Braido, que foi secretário de Comunicação de Pitta, deu esta declaração: “O ex-prefeito desconhece esse assunto, pois não teve acesso à documentação bancária. Ele pode estar sendo alvo de adversários querendo prejudicá-lo ou de manobra para desviar a atenção dos recentes escândalos.”

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