Laudo médico

Assassino de Liana tem condições de deixar Febem, diz psiquiatra

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27 de julho de 2006, 14h01

Para o psiquiatra forense Breno Montanari Ramos, do ponto de vista médico, não existem motivos para que Roberto Aparecido Alves, 19 anos, o Champinha, permaneça na Febem. Junto com outros três profissionais, ele assinou quatro avaliações, exames clínicos e testes de personalidade. O resultado é que o assassino e estuprador de Liana Friedenbach, de 16 anos, não tem desvio de conduta. Os resultados indicam que ele é uma pessoa “camaleônica, influenciável pelo meio”. As informações são do Jornal da Tarde

De acordo com os psiquiatras que o examinaram, o jovem é um criminoso mesoformo, ou seja, extremamente influenciável pelo ambiente em que vive. “Se ele vive com pessoas bêbadas, vai virar um bêbado. Mas, se for para um mosteiro, será um monge”, explica Breno. Em outras palavras, é o que se chama de camaleônico, que se adapta sempre às circunstâncias.

Diante disso, os médicos concluem que se ele sair do sistema e for para uma família estruturada e acolhedora, vai assimilar esses valores e, provavelmente, não voltará a reincidir.

“Não existem motivos médicos que justifiquem a permanência na Febem”, reafirma o médico de 59 anos, que já fez mais de cinco mil laudos. “Fizemos um trabalho no extremo capricho”, garante o psiquiatra forense do sistema prisional, membro do Conselho Penitenciário do Estado e professor universitário.

O resultado garante que Champinha é portador de retardo mental leve. “Isso significa que ele é treinável e educável. Mas é capaz de chegar, no máximo, até a terceira série do Ensino Fundamental”.

O psiquiatra explica que existem outros dois níveis de retardo mental. O grave é quando o portador vive em estado vegetativo. O moderado é quando o paciente é treinável mas não educável, ou seja, aprende atividades básicas como vestir-se, ir ao banheiro e comer sozinho, mas não se desenvolve na escola e não tem raciocínio lógico.

O grau de retardo de Champinha, por exemplo, permite que ele faça contas de somar contando nos dedos e acerte o resultado. “Mas ele é incapaz de fazer uma conta de multiplicação, porque exige raciocínio abstrato”.

Champinha não foi classificado como portador de Transtorno de Conduta, diagnóstico de muitos dos internos da Febem. Para o médico, possui transtorno de conduta o garoto que pratica um crime pela primeira vez quando criança e continua reincidindo, comete vários crimes em seqüência.

Esse não é o perfil de Champinha. A polícia diz que, por volta dos 10 anos de idade, ele matou um andarilho. A acusação não foi confirmada. Ele diz que quem matou foi o seu tio e ele apenas assumiu a culpa.

Pelos laudos, Champinha não tem uma tendência natural à delinqüência, mas uma afinidade. Os resultados também contradizem a informação dos policiais de que o jovem deu as 15 facadas em Liana por sadismo. “A moça foi assassinada no primeiro golpe, que atingiu a jugular. Pelos testes, ele deu as demais facadas porque ficou inseguro, queria ter certeza que ela estava morta. Não estava dando as facadas por prazer, mas por dúvida”.

De acordo com os laudos, Champinha sente culpa pelo crime bárbaro. Só que, pela sua deficiência, não conseguiria expressar o sentimento. O traço de culpa, de acordo com o médico, não apareceria se Champinha fosse psicopata.

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