Fim da picada

MP-SP apura participação da USP em testes com cobaias humanas

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9 de janeiro de 2006, 16h43

O promotor Saad Mazloum, do Ministério Público de São Paulo, abriu procedimento nesta segunda-feira (9/1) para investigar se houve ou não participação da Universidade de São Paulo no uso de cobaias humanas em testes para verificar presença de malária.

Em dezembro de 2005, a Fiocruz — Fundação Oswaldo Cruz alegou que a realização de um experimento ilegal com ribeirinhos do Amapá, para checar presença de malária, teria ocorrido devido à falha na tradução do projeto de um estudo sobre a dinâmica da transmissão da malária, feita por um pesquisador holandês que era professor visitante da USP.

A Fiocruz negou que o projeto estivesse empregando cobaias humanas. Mas admitiu que, pelo menos uma vez, em junho de 2003, alguns dos 12 moradores usados para a pesquisa se deixaram picar por mosquitos selecionados por pesquisadores.

Segundo a Fiocruz Mércia Arruda, uma frase do texto original em inglês previa o procedimento dessa submissão ao teste. Isso é permitido em vários países e proibido no Brasil. Em decorrência da proibição, o pesquisador Jaco Voorham, ao verter para o português o documento, cortou a frase. Mas o coordenador do projeto, Robert Zimmerman, da Universidade da Flórida, se baseou na versão em inglês para fazer a experiência em 2003.

Cerca de 40% da população mundial vive em áreas com risco de transmissão da malária. Há 300 milhões de pessoas infectadas no mundo a cada ano. As mortes são da ordem de 1,5 milhão de pessoas ao ano.

"Essas pessoas estariam recebendo entre R$ 10 e R$ 20 para serem cobaias. Se a USP participou disso, cabe punição por improbidade administrativa", disse Mazloum à revista Consultor Jurídico.

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