Luto no Direito

Advogado Miguel Reale é enterrado em São Paulo

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14 de abril de 2006, 18h43

O corpo do advogado Miguel Reale foi enterrado por volta das 16 horas desta sexta-feira (14/4), no cemitério São Paulo, na capital paulista. Reale morreu na madrugada desta sexta, aos 95 anos, vítima de infarto, em sua casa.

Acompanharam o cortejo do imortal da Academia Brasileira de Letras representantes de todas as esferas da área jurídica como o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lerwandowski, o desembargador paulista Renato Nalini, o presidente da OAB paulista Luiz Flávio Borges D’Urso, entre outros.

Natural de São Bento do Sapucaí, interior paulista, Miguel Reale, nasceu dia 6 de novembro de 1910 e era considerado um dos maiores juristas do Brasil. Professor reconhecido na área de Filosofia, fundou em 1954 a Sociedade Interamericana de Filosofia, da qual já foi duas vezes presidente.

Formou-se em Direito em 1934 e seis anos depois assumia a cadeira de professor de Filosofia do Direito na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Miguel Reale criou o novo Código Civil brasileiro, aprovado em 2002 depois de 27 anos de tramitação no Congresso Nacional. Além de documento fundamental para a regulamentação das relações dentro do pacto social, o novo Código Civil é a expressão prática do pensamento do professor de Direito e Filosofia, que colocou em prática a sua teoria tridimensional do Direito.

A teoria de Reale é um marco porque vê o Direito não apenas sob o aspecto normativo e positivado, mas também sob o aspecto factual, relacionado ao momento histórico, e axiológico, levando em consideração os valores da sociedade.

Miguel Reale foi secretário da Justiça de São Paulo por duas vezes — nos anos 40 e 60 — e também reitor da Universidade de São Paulo em duas ocasiões, em 1949 e 69.

Em 1969 foi nomeado pelo presidente Arthur da Costa e Silva para a “Comissão de Alto Nível”, incumbida de rever a Constituição de 1967. Sempre ativo, organizou em 95, o V Congresso Brasileiro de Filosofia, realizado em São Paulo.

O jurista era pai do também advogado Miguel Reale Júnior, ex-ministro do governo Fernando Henrique.

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