Crime na praia

Ex-PM é condenado a 56 anos pela morte de jovens em SP

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5 de abril de 2006, 12h52

O Tribunal do Júri de Praia Grande condenou a 56 anos de reclusão o ex-soldado da Polícia Militar Marcelo de Oliveira Christov. Ele é um dos quatro ex-PMs que respondem por triplo homicídio qualificado, ocultação de cadáver, espancamento e abuso de autoridade. Cabe recurso ao Tribunal de Justiça.

Os réus já haviam ido a Júri popular e condenados em 2001, mas em 2004 uma decisão do TJ determinou a realização de novo julgamento. A lei permite que a defesa solicite novo julgamento quando a pena for superior a 20 anos de reclusão.

No dia 17 de fevereiro de 1999, uma quarta-feira de Cinzas, os quatro policiais teriam espancado e morto três adolescentes (Thiago Passos Ferreira, Anderson Pereira dos Santos e Paulo Roberto da Silva) na Baixada Santista. O crime ganhou repercussão internacional.

Os três adolescentes haviam ido brincar o Carnaval no Ilha Porchat Clube, em São Vicente. Era quase manhã quando deixaram o local e foram à praia do Itararé. No local se envolveram numa briga com outros dois rapazes, que chamaram a polícia. Quatro policiais do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, que foi deslocado para a Baixada Santista no Carnaval, espancaram os adolescentes, levaram-nos a um manguezal e os mataram com tiros na cabeça. As famílias das vítimas só encontraram os corpos depois de 16 dias.

Os PM foram expulsos da corporação e seus julgamentos estão sendo feitos individualmente. O Ministério Público sustentou a tese de que os ex-policiais executaram os rapazes porque estavam cientes de que abusaram do uso da força. Decidiram matar os adolescentes para sumir com as evidências com o objetivo de ficar impunes. O manguezal teria sido escolhido para ocultar os corpos por ser um local de difícil acesso e por ser um ambiente que facilitaria a decomposição dos corpos.

O primeiro a ser julgado foi Edvaldo Rubens de Assis condenado a 49 anos. O ex-segundo-tenente Alessandro Rodrigues de Oliveira vai a Júri na próxima segunda-feira (10/3). O último a enfrentar o tribunal será o ex-PM Humberto da Conceição, com julgamento marcado para o ano que vem.

Edvaldo foi o único que confessou ter feito os disparos. Humberto e Edvaldo teriam ocultado os corpos dos adolescentes. Já Alessandro e Marcelo alegaram nos depoimentos que apenas espancaram os garotos e os colocaram no camburão que os levou ao local da execução.

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