Roupa suja

Juiz acolhe ação de Valdemar Costa Neto contra sua ex-mulher

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18 de novembro de 2005, 16h14

A 3ª Vara Criminal de São Paulo acatou queixa-crime ajuizada pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto (PL-SP) contra Maria Christina Mendes Caldeira, sua ex-mulher. Ela é acusada dos crimes de calúnia injúria e difamação, com base nos artigos 20, 21 e 22 da Lei 5.250 de 1967 (Lei de Imprensa), praticados contra seu ex-marido.

O juiz assim decidiu, no início da noite desta quinta-feira: “Assim, recebo a queixa. Designo o dia 28 de março, às 13h30 horas, para apresentação da querelada (e se for requerido, de seu interrogatório), bem como para audiência de instrução e julgamento. Consulta supra: expeça-se carta precatória para oitiva de testemunhas de acusação cujo encaminhamento à Comarca destinatária deverá ser providenciado pela parte querelante. Quanto às testemunhas de defesa, intime-se a parte querelada para manifestação, no prazo de dez dias”.

Os advogados do ex-deputado Costa Neto são José Roberto Batochio, Guilherme Batochio e Ricardo Toledo. Defende Maria Christina o advogado Paulo José da Costa Junior.

Maria Christina Mendes Caldeira afirmou, durante depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, que seu ex-marido mantinha contatos freqüentes com o tesoureiro licenciado do PT, Delúbio Soares, dentro do suposto esquema de pagamento de mesadas na Câmara.

A ex-mulher de Costa Neto não apresentou provas da denúncia. Disse, no entanto, que teria presenciado “conversa telefônica entre o presidente do PL e o deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ) sobre uma ‘operação financeira’ que ia fazer do PL o maior partido do Brasil”. Segundo ela, “o mensalão existe e o Valdemar recebia. Eu acho possível que o PT não tenha nada a ver com isso. Pode ter sido uma coisa montada pelo Valdemar, Bispo Rodrigues e o Delubio”, afirmou.

Maria Cristina é publicitária. Tem sustentado que decidiu se separar de Valdemar Neto no ano passado após perceber as “estranhas doações” financeiras ao PL. “Vi muitos fatos esquisitos. Chega um momento que fatos esquisitos chegam a ser mais que fatos esquisitos. Sou ex-mulher, não sou araponga e nem tenho pretensão política. Eu achei que tinha casado com uma pessoa, mas casei com um partido”.

Segundo atas da Câmara, “ela também confirmou ao Conselho de Ética uma suposta operação entre Delúbio Soares e Valdemar da Costa Neto no final de 2002, quando o governo de Taiwan teria doado US$ 2 milhões ao Partido dos Trabalhadores em troca de melhorias no relacionamento entre o Brasil e o país asiático caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se elegesse presidente. Maria Cristina disse que ajudou Valdemar da Costa Neto em uma tradução com um representante do governo de Taiwan durante visita ao país que tinha como objetivo a cobrança por Valdemar Neto dos recursos prometidos para as campanhas do PT”.

Maria Christina também acusou o ex-presidente do PL de ingressar no Brasil com recursos ilegais recebidos em cassinos do Uruguai e Estados Unidos. “Ele ganhou US$ 60 mil em Punta del Este (Uruguai) e pediu para eu botar esse dinheiro na bolsa, e entrei no país com isso sem saber. E quando chegamos ao Brasil, ele pediu o dinheiro para ele”.

Ela ainda sustentou aos deputados que “Valdemar da Costa Neto transportava malas com grande quantia de dinheiro dentro do Brasil e mantinha, em casa, um cofre de mais de 180 kg repleto de notas de US$ 100”. As malas, segundo Maria Cristina, eram sempre transportadas por Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, “e algumas vezes ele mandava eu e o chofer pagarmos ele em uma garagem e ele descia com as malas. Por coincidência, a gente viajava em avião particular, e não de carreira”. Ela também acusou Valdemar Costa Neto de “ter comprado o Partido Social Trabalhista (PST) por R$ 5 milhões”, numa operação que teria ocorrido em 2003.

A publicitária insistia que vinha reunindo provas para a apresentá-las à CPI da compra de votos. Ela poderá, agora, apresentá-las à Justiça como sua defesa.

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