Semente do mal

Monsanto garante que transgênico não faz mal à saúde

Autor

23 de maio de 2005, 19h50

A Monsanto, maior produtora mundial de sementes transgênicas, divulgou nota nesta segunda-feira (23/5) desmentindo notícias veiculadas na imprensa sobre um estudo que mostrou alterações no organismo de ratos alimentados com milho geneticamente modificado.

O jornal britânico The Independent publicou reportagem sobre um suposto estudo secreto feito pela Monsanto, mostrando que ratos alimentados com o milho geneticamente mofidicado MON 863 desenvolveram alterações nos órgãos internos e no sangue. Segundo o relatório confidencial de 1.139 páginas, outro grupo de ratos alimentados com milho convencional, não desenvolveu nenhuma anomalia em seu organismo.

Em nota publicada em seu site, a Monsanto afirma que diversos estudos independentes com o MON 863 comprovam que “esse tipo de milho é tão seguro quanto o convencional, tanto para consumo humano e animal quanto para o meio ambiente, estando inclusive aprovado para cultivo e consumo desde 2003 em diversos países”.

A Monsanto esclarece ainda que “ao contrário do divulgado, o estudo não é confidencial e sempre esteve disponível para quem quisesse consultá-lo, tendo sido, inclusive, submetido às agências regulatórias européias”.

“Uma vez solicitada, a Monsanto disponibiliza os dados das pesquisas por ela conduzidas com seus produtos comercialmente disponíveis. [Esta política] faz parte do compromisso de transparência assumido mundialmente pela empresa”, afirma a nota.

Informa ainda que as pesquisas realizadas pela própria Monsanto, ao contrário do que afirma o Independent não detectaram resultados adversos no consumo do MON 863, da mesma forma que os estudos feitos por entidades independentes da Europa . A nota cita o Instituto Robert Kock, da Alemanha, e a Agência Francesa de Segurança Alimentar como avalistas da boa qualidade do seu produto.

A própria pesquisa da Monsanto teria sido revisada por terceiros, que confirmaram que o milho MON 863 não causa efeitos adversos na saúde dos ratos. “Eu não consigo achar qualquer parâmetro neste estudo que forneça qualquer indicação de efeito adverso do MON 863”, assegurou o especialista alemão,Daniel Dietrich.

Por fim a Monsanto informou que o milho MON 863 “é desenvolvido com objetivo de proteger as lavouras do ataque de insetos nas raízes das plantas, graças à inserção em seu código genético do gene da proteína do Bacillus thuringiensis (Bt), uma bactéria encontrada naturalmente no solo, que possui ação inseticida em larvas de alguns tipos de insetos-praga, sendo inclusive utilizada na agricultura orgânica”.

Reação ao estudo

A deputada estadual Luciana Rafagnin (PT), presidente da Comissão de Agricultura da Assembléia Legislativa do Paraná considerou “lamentável” a atitude da empresa Monsanto de manter em segredo os supostos resultados da pesquisa que condenou o consumo animal do milho.

Luciana afirmou que notícias como as publicadas pelo jornal britânico confirmam antigos temores de organizações de trabalhadores rurais, ambientalistas e consumidores. “Nesse assunto, nós sempre defendemos o princípio da precaução quanto à saúde de quem produz e consome esses alimentos. Essa reportagem mostra que, ao esconder os estudos e alegar razões comerciais para isso, a empresa demonstra total descaso pela vida, uma vez que os ratos são cobaias tradicionais dos experimentos sobre impactos das tecnologias à saúde humana”, comenta Luciana.

Tramita nas comissões internas da Assembléia Legislativa um Projeto de Lei (194/2005), de autoria da deputada, que prevê a rotulagem dos OGM’s — Organismos Geneticamente Modificados no estado do Paraná, bem como a dos alimentos que possuam mais de 1% de matéria-prima transgênica em sua composição.

“Essa lei visa a garantir o direito de escolha do cidadão; que qualquer possa optar se quer ou não levar para casa um alimento geneticamente modificado. Mas, para isso, ela tem o direito de saber diferenciá-los pela identificação no rótulo”, conclui a deputada. Uma lei desta natureza, no entanto, é de competência federal.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!