Compra de deputados

Jefferson reitera que cúpula do PT sabia sobre mensalão

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14 de junho de 2005, 18h13

O presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, reiterou que discutiu por diversas vezes o mensalão com a cúpula do governo. Reafirmou que tratou do assunto com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, em pelo menos seis ocasiões, com o presidente do PT, José Genoíno, com o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, com o ex-ministro das Comunicações, Miro Teixeira, com o ministro da coordenação política, Aldo Rebelo, e da Fazenda, Antonio Palocci.

Roberto Jefferson prestou depoimento, nesta terça-feira (14/6), na Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para esclarecer denúncias em entrevistas à Folha de S. Paulo sobre o pagamento de mesadas a deputados da base aliada em troca de apoio político. Jefferson chamou de mensalão o esquema de compra de deputados.

Apesar das denúncias, o Planalto afirmou que manterá José Dirceu no comando da Casa Civil.

Jefferson reconheceu não ter provas. Disse que depois que fez as denúncias ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu partido viveu um inferno. Ele também voltou a dizer que o presidente chorou numa reunião da qual participou também o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, também do PTB. “De lá para cá, a fonte secou. E os passarinhos estão de bico aberto”. O deputado explicou ainda que recebeu R$ 4 milhões para a campanha do PTB e que foram entregues pelo publicitário Marcos Valério, da agência de publicidade DNA de Belo Horizonte.

Segundo o presidente do PTB, o dinheiro era transportado em “duas malas enormes com notas do Banco Rural e do Banco do Brasil”. O total a ser repassado para o PTB era de R$ 20 milhões, afirmou, e o acordo havia sido fechado com Marcelo Sereno, principal colaborador de José Dirceu na Casa Civil até o escândalo Waldomiro Diniz; o secretário de finanças do PT, Delúbio Soares; e o presidente do partido José Genoíno, tendo sido homologado pelo ministro José Dirceu.

Jefferson disse que fazia parte do acordo cargos para o PTB baiano no IRB — Instituto de Resseguros do Brasil e para o PTB goiano na Susep — Superintendência de Seguros Privados. Segundo ele, ao reclamar do não recebimento do restante do dinheiro, Dirceu teria dito a ele que havia dificuldades de fazer o repasse por conta da prisão de 62 doleiros pela Polícia Federal. “A Polícia Federal é meio tucana. E a prisão de 62 doleiros está dificultando que o nosso pessoal internalize o dinheiro”, teria dito a ele José Dirceu.

Secretária

De acordo com o site do Estadão, a revista IstoÉ Dinheiro chegará antecipadamente às bancas nesta quarta-feira (15/6) com a entrevista de uma secretária de Marcos Valério. O publicitário é um dos sócios da agência DNA, que detém a conta de propaganda do Banco do Brasil. Segundo Jefferson, ele teria entregue uma mala de viagem recheada de dinheiro para financiar a campanha eleitoral de candidatos do PTB.

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