CPI dos Bingos

CPI dos Bingos quebra sigilos de juíza e a convoca para depor

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18 de agosto de 2005, 19h36

A CPI dos Bingos aprovou, nesta quinta-feira (18/8), a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico da juíza federal Maysa Giudice. Ela também vai ser convocada a depor na comissão.

Maysa, que está afastada por licença médica desde fevereiro de 2004, era responsável pela 17ª Vara Cível de Brasília. O ex-presidente da Caixa Econômica Federal Valderi Albuquerque, em seu depoimento à CPI nesta quarta-feira (17/8), insinuou que a juíza favorecia a Gtech — multinacional americana que fornecia equipamentos e tecnologia para as loterias. Segundo ele, liminares favoráveis à empresa eram dadas sempre pela 17ª Vara.

O pedido de quebra de sigilos foi feito pelo senador Flávio Arns (PT-PR) e aprovado por unanimidade pelos parlamentares. Também ficou decidido que a juíza deverá depor na comissão. A data, no entanto, ainda não foi marcada. Segundo a assessoria de imprensa do senador, a agenda da CPI dos Bingos está lotada até o dia 9 de setembro, portanto Maysa não deverá depor antes disso.

A CPI dos Bingos investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro a partir das casas de bingos e a renovação de contratos da Gtech com a Caixa. Em 2003, a Caixa Econômica Federal decidiu romper o contrato e realizar licitações para implementar um sistema de loterias próprio. A Gtech, então, recorreu à Justiça para barrar essas licitações. A juíza Maysa Giudice é acusada de deferir liminares em favor da multinacional.

Na manhã desta quinta, segundo divulgou a Agência Senado, Mário Cunha Haag, ex-vice-presidente de Logística da Caixa durante o governo Fernando Henrique Cardoso, afirmou que estudos técnicos demonstraram que a instituição não precisava renovar por mais 25 meses o contrato com a empresa, que foi assinado em abril de 2003 e atingiu o valor de R$ 260 milhões anuais.

Já o economista Paulo Roberto Paixão Bretas, ex-vice-presidente de Logística da Caixa no início de 2003, discordou de Haag e negou que a estatal tivesse condições técnicas para assumir todas os serviços prestados pela multinacional. “É muito difícil uma empresa não especializada no ramo desenvolver um sistema eficiente no processamento de loterias. A Gtech possui essa tecnologia como poucas em todo o mundo. O contrato foi o melhor para a Caixa”, disse.

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