Celular no presídio

Governo de SP quer que operadoras bloqueiem celular em presídio

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15 de agosto de 2005, 17h39

A Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo e o Ministério Público paulista querem que as empresas de telefonia móvel se responsabilizem pelo bloqueio de celulares nos presídios de São Paulo. O objetivo é combater a atuação das facções criminosas.

Para isso, o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, e o procurador-geral de Justiça, Rodrigo César Rebello Pinho, vão entregar nesta terça-feira (16/8) ao presidente do CNPC — Conselho Nacional de Política Criminal, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, documento que solicita a interferência do órgão para o bloqueio de celulares nas unidades prisionais do estado.

O número de presos no estado de São Paulo é de cerca de 110 mil e o problema do uso de celulares nas penitenciárias explodiu com a mega-rebelião de fevereiro de 2001, quando, pelo telefone, presos do PCC — Primeiro Comando da Capital articularam a tomada simultânea de 29 unidades em São Paulo.

A secretaria admite que os sistemas de bloqueio do sinal de telefones celulares estão obsoletos e já não influenciam algumas freqüências usadas pelas novas operadoras de telefonia.

Depoimento

Segundo informações prestadas à CPI da Câmara dos Deputados que investiga o tráfico de armas, em 27 das 134 unidades prisionais da capital paulista, os detentos dispõem de 1.200 telefones celulares, que são usados para planejar crimes do lado de fora e garantir o poder das organizações criminosas.

A afirmação foi feita pelo delegado Ruy Ferraz Fontes, do Deic — Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado. A maioria dos celulares entra escondida nos presídios e 90% das ligações são feitas para cometer crimes.

O delegado afirmou, ainda, que os bloqueadores de celulares são inúteis. Segundo ele, os presos inventaram uma antena que, com um cabo de vassoura, fura o bloqueio. O delegado reclamou que as empresas de celular não colaboram na interceptação das ligações.

Entrada clandestina

Em novembro do ano passado, a Secretaria de Administração Penitenciária paulista anunciou a abertura de uma concorrência pública para a compra de pelo menos 30 aparelhos de raio-x. Os aparelhos iriam auxiliar nas revistas de visitas e detentos, em diversas unidades prisionais do estado.

Os bloqueadores estão instalados em oito unidades prisionais. A primeira a receber a tecnologia, em abril de 2002, foi o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes.

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