Porta de saída

Policiais reféns de índios são libertados em Roraima

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30 de abril de 2005, 11h22

Os quatro policiais federais mantidos há uma semana como reféns de índios da comunidade do Flechal, em Roraima, foram libertados. A informação é do posto de rádio da Sodiur — Sociedade dos Índios Unidos de Roraima e foi passada à revista Consultor Jurídico, às 11h, neste sábado (30/4).

A Polícia Federal recebera carta branca do governo federal para invadir a aldeia Flexal. Os índios da etnia Macuxi opõem à homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol de forma contínua. A operação “José do Egito”, da PF, que cuidava da questão da demarcação na região, mobilizou 250 homens de elite das polícias Federal e Rodoviária Federal.

Os indígenas haviam, num primeiro momento, se recusado negociar com o secretário de Justiça, coronel César Augusto dos Santos Rosa, e o adjunto do Gabinete Civil, Joaquim Pinto Souto Maior Neto. O secretário do Índio, Adriano Francisco do Nascimento, está no local desde segunda-feira.

Os índios condicionaram a libertação dos reféns à revogação do decreto de homologação da reserva, assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva no dia 15 de abril. Eles só aceitavam conversar com um representante do governo federal. Exigiam a presença do próprio presidente, do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ou do presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Gomes.

O Exército colocou mil homens de prontidão para dar apoio logístico aos policiais, se fosse necessário. Segundo a Sodiur, os policiais chegam à Superintedência da PF em Roraima na tarde deste sábado.

A Federação Nacional dos Policiais Federais divulgou a seguinte nota sobre o assunto:

A FEDERAÇÃO NACIONAL DOS POLICIAIS FEDERAIS comunica a seus filiados que vem mobilizando todos os seus esforços no acompanhamento e na busca de uma solução para o drama vivido pelos quatro policiais federais mantidos como reféns por índios da Comunidade do Flechal em Roraima, que protestam contra a demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol.

A Fenapef informa que, apesar das extremas dificuldades de acesso a região conflagrada, o episódio está sendo acompanhado em Roraima pelo DIRETOR DE RELAÇÕES INTERSINDICAIS E DE COMUNICAÇÃO ADJUNTO desta entidade, José Pereira Orihuela; pelo presidente do SINDICATO DOS POLICIAIS FEDERAIS DO PARANÁ, Edson Carlos Silva e pelo diretor presidente do SINDICATO DOS FUNCIONÁRIOS DO DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL EM RORAIMA, Fernando Cezar de Meneses.

A FEDERAÇÃO NACIONAL DOS POLICIAIS FEDERAIS está também em contato permanente com as autoridades competentes na PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA; no MINISTÉRIO DA JUSTIÇA; na FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO e na PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA no sentido de alertar a estas autoridades para a gravidade da situação e para a necessidade de uma solução rápida para a questão.

Manifestamos ainda nossa preocupação com o planejamento deste tipo de operação que exige o apoio de policiais que sejam conhecedores da realidade daquelas tribos, dos costumes indígenas, e da geografia da região.

Esta FEDERAÇÃO, através de sua diretoria e dos sindicatos filiados, se solidariza com os familiares que passam por este momento de apreensão e ressalta, mais uma vez, que está empenhada na busca de uma solução que em nenhum momento viole a integridade física dos policiais federais, fato este que poderia gerar conseqüências imprevisíveis.

Brasília, 30 de abril de 2005.

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