Todos contra um

PF e servidores federais se unem contra o governo

Autor

23 de setembro de 2004, 9h40

A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) anunciou acordos de integração com outros sindicatos de servidores federais. A intenção é criar uma força política capaz de ceifar a vasta articulação política “do governo Lula no Executivo e Judiciário, que é muito grande”, segundo o presidente da entidade, Francisco Carlos Garisto.

A Fenapef fez uma greve de quase 60 dias este ano. E, mesmo tendo os federais recebido 17% de aumento na semana passada, a categoria considera que as relações sindicais com o governo petista são as piores possíveis. “No governo FHC era menos pior”, dispara Garisto — ex-segurança do Papa João Paulo Segundo, de dois presidentes dos EUA e do Príncipe Charles.

Garisto contou que, na semana passada, durante o 10º Congresso da PF, em Brasília, muito se debateu sobre a greve. “O assunto da greve foi um dos principais, mas não como uma volta dela. Esse congresso, de nível nacional, realizado em Brasília, era para discutir o sistema grevista na Polícia Federal e a relação com o governo federal. Vamos adotar uma nova relação política com o governo porque nós entendemos que esse governo está tratando o servidor público de uma maneira diferente de como ele pregava anteriormente. Temos que nos adaptar porque o sistema de greve convencional não está adiantando”, ressaltou.

Garisto informou: “Uma das resoluções que tomamos é que devemos nos unir com as demais categorias, como da Receita Federal, a Fenajufe, a Unacom e demais entidades nacionais que têm os mesmos problemas da Polícia Federal. Essas greves isoladas, longas, com o governo tendo uma grande tendência sobre a Justiça, sobre o Congresso Nacional, fica muito difícil que tenhamos delas um resultado positivo”.

Garisto diz que a categoria está desencantada com o PT. “Achamos que com o governo do PT as portas seriam abertas aos sindicalistas, já que o presidente e 70% de seus ministros são oriundos do movimento sindical. Mas foi uma grande ilusão nossa. Não adianta darmos murro em ponta de faca. O presidente tem força no Judiciário, no Executivo. Vamos mudar de tática. Do jeito que está a coisa está muito complicada. Muitas coisas pioraram. No governo FHC nunca existiu a relação sindical. O presidente sempre nos ajudou nessa relação de confronto com o FHC. E hoje ele faz esse mesmo confronto muito mais feroz do que FHC fazia conosco. Juntos faremos um embate político-sindical com o governo com mais força que temos hoje”, analisou.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!