Tiro no pé

Editor acusado de extorquir senador José Sarney é condenado

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15 de setembro de 2004, 21h21

A Justiça do Pará condenou, a um ano e quatro meses de prisão, o editor Arnaldo Villar Pantoja, autor de uma carta em que tentava extorquir o senador José Sarney para não publicar um livro de denúncias sobre seu filho, o deputado José Sarney Filho. A pena de Pantoja foi transformada em prestação de serviços à comunidade.

A ameaça foi expressa em carta endereçada ao senador, em fevereiro de 2003. Nela, Villar diz que pode não publicar um livro sobre o deputado, com denúncias referentes ao período em que ele era ministro do Meio Ambiente.

O acusado diz ser proprietário da empresa Villar Editora e Gráfica e afirma estar disposto a qualquer conversa, mas dá um prazo máximo de sete dias para negociar. Ele ainda acrescenta que, caso não haja negociação, a obra será publicada e divulgada “nacional e internacionalmente”.

A carta foi encaminhada pelo deputado à Procuradoria-Geral da República e depois para o MPF no Pará, onde foram feitas as investigações necessárias. Em um dos depoimentos que prestou à Polícia Federal, o editor afirma que o livro em questão seria “O Mordomo do Silêncio”, do ex-superintendente do Ibama em Belém, Paulo Castelo Branco.

Segundo o MPF, no segundo interrogatório, ele afirmou se tratar de “O Poder da Corrupção”, do jornalista Vinicius Nascimento. Em sua defesa inicial, Villar chegou a negar a autoria da carta, depois comprovada por exames grafotécnicos feitos pela Polícia Federal.

O Ministério Público Federal no Pará recorreu da sentença, nesta quarta-feira (15/9). Para a procuradora da República Daniela Batista, autora do recurso, o acusado deveria ser condenado não pela simples tentativa, mas pela extorsão em si, crime que pode resultar em até 12 anos de prisão.

“Resta cristalino nos autos que a ameaça surtiu seus efeitos, pois a vítima, atemorizada, solicitou a ajuda dos órgãos públicos, em especial, do Ministério Público Federal”, diz a procuradora em sua apelação.

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