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Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 5,7% no segundo trimestre

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1 de setembro de 2004, 12h43

Olha o crescimento!

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 5,7% no segundo trimestre do ano, na comparação com o mesmo período de 2003, e 1,5% em relação ao primeiro trimestre deste ano. A expansão da economia, desta vez, não ficou limitada a exportações e ao agronegócio.

Generalizado

A expansão econômica foi generalizada e trouxe embutidos pelo menos dois indicadores muito importantes, nas comparações anuais: o crescimento do consumo das famílias, de 5%, a maior variação desde o segundo trimestre de 1997; e o aumento do investimento (formação bruta de capital fixo) de 11,7%, em tese, um alento para os que temem pela sustentabilidade da retomada. A indústria foi determinante para o resultado, com crescimento de 6,6%. A agropecuária teve expansão de 5%, e os serviços, de 4,4%.

Pela frente

O gerente de contas trimestrais do IBGE, Roberto Olinto, avalia que o mercado interno passou a ter participação importante na retomada. “Mas ainda temos de observar o que vem pela frente”, disse, referindo-se a renda, emprego e capacidade de endividamento das pessoas, já que ele atribui a reação do consumo ao crédito mais abundante e, ao menos, um pouco mais barato.

Ajuste nos juros

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, comemorou os números, chegou até a avaliar que o cenário abre espaço para redução de carga tributária a determinados setores que se quer incentivar. Quando indagado sobre a ameaça do Banco Central de aumentar juros para evitar descompasso entre oferta e demanda e, conseqüentemente, uma alta da inflação, o ministro disse que não vê “obstáculos importantes” ao crescimento, mas ressalvou que a expansão pode exigir “ajustes”. “Todos nós queremos que o BC continue vigilante em relação ao comportamento da inflação”, disse.

Não continua

O ritmo de crescimento do PIB não pode ser mantido no médio prazo, e o Brasil vai ter de administrar a expansão da economia por meio de uma alta da taxa de juros para não provocar pressões inflacionárias e prejudicar a estabilidade monetária. A análise é do economista Arnaldo Castelar Pinheiro, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.

Falta fôlego

Segundo o economista do Ipea, a utilização da capacidade instalada da indústria já está num nível alto, perto do limite, o que impede que se mantenham taxas de crescimento anualizadas no patamar de 6%. O economista já prevê que haja elevação da taxa de juros, mas, de acordo com ele, 0,5 ponto percentual de alta não seria suficiente para impedir a retomada dos investimentos.

Assim falou… Luiz Inácio Lula da Silva

“Por mais que fizermos, ainda não conseguiremos pagar o que significou o trabalho de homens e mulheres livres na África que se tornariam escravos dentro do nosso país”.

Do presidente ao discursar no evento de assinatura do acordo que perdoou 95% da dívida de Moçambique de US$ 351 milhões com o Brasil.

No detalhe

Nos detalhes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstra que governa companheiros em vez de governar uma nação. Exagera na bonomia e no improviso, comporta-se como pai de uma pátria de boas intenções, mas nem assim consegue esconder o desprezo prático pelos valores mais altos da civilização.

Transferir presos é um valor do mundo civilizado, uma relação entre Estados democráticos que estabelecem benefícios sem ver a quem. Os canadenses de ontem ou os chilenos de hoje podem ser os brasileiros de amanhã presos lá fora. Ao decidir não decidir nada sobre o caso da extradição do chileno Mauricio Norambuena, um dos seqüestradores do publicitário Washington Olivetto, Lula revela o apego à “luxúria da mental obscuridade”, o biombo, a que se referia Ortega y Gasset, por trás do qual se escondem os que temem a transparência. Logo ele, Lula, que, em 1998, intercedeu pela extradição dos seqüestradores canadenses do empresário Abílio Diniz.

Até um presidente bronco como João Batista Figueiredo, o último general do regime militar, conseguiu deixar uma frase banal, mas lapidar, de ensinamento para Lula: “Lugar de brasileiro é no Brasil”. O dos chilenos é no Chile. Lula, que anteontem disse por meio de seu ministro da Justiça que Norambuena só será extraditado depois de cumprir sua pena no Brasil, decidiu assim não decidir nada.

A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura – www.primeiraleitura.com.br

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