Rinha de galo

Duda Mendonça já pagou fiança de mil reais e é solto

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22 de outubro de 2004, 18h47

O publicitário Duda Mendonça foi liberado por volta das 22h30 desta sexta-feira (22/10) depois de pagar fiança de R$ 1 mil estipulada pelo juiz Joel Pereira dos Santos, da 26ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A informação foi dada pelo advogado Luís Guilherme Vieira. O juiz entendeu que cabe fiança neste tipo de crime e, por isso, concedeu liberdade prosória.

“Em 25 anos de advocacia criminal, nunca vi um aparato policial igual. Não dá para entender porque apenas seis foram presos em flagrante, já que estavam 200 pessoas no local. Foram presos: o maior publicitário do Brasil, um vereador do PT e quatro diretores de uma entidade que funciona legalmente há 18 anos”, disse o advogado.

Há cerca de um mês que a Polícia Federal do Rio vinha fazendo as investigações em torno da rinha de briga do galo do Clube Privê Cinco Estrelas, no bairro de Jacarepaguá, zona Oeste do Rio, estourada na noite de quinta-feira (21/10), quando foram presos em flagrante Duda Mendonça e o vereador petista Jorge Hauat, mais conhecido como Jorge Babu, entre outros.

Quando foram dar o flagrante, os policiais pelo menos suspeitavam que poderiam encontrar Duda Mendonça, segundo admitiu o promotor estadual da Infância e Juventude do Rio, Marcio Mothé, que desde terça-feira sabia que a operação estava para acontecer. Eles teriam descoberto, durante as investigações que Duda Mendonça era sócio do clube e admitiam que o torneio nacional que deveria durar de quinta a sábado atrairia os sócios de outros estados. Mas, segundo o advogado, Duda Mendonça foi por acaso no clube já que estava apenas de passagem pelo Rio. Nsta sexta-feira, ele voltaria para São Paulo para a campanha de Marta Suplicy.

Mothé, ao ser informado pelo delegado Lorenzo Pompilho de que a operação seria quinta à noite, acionou os outros dois promotores que estiveram no clube das lutas de galo: Ana Lucia Mello, responsável pelos casos de investigação penal da Barra da Tijuca, e Ana Paula Petra, responsável pela área do Meio Ambiente.

O promotor foi acionado pela Polícia Federal porque, durante as investigações, soube-se que o local era freqüentado também por menores. Na hora do flagrante estavam lá quatro adolescentes, levados por seus pais, que foram presos em flagrante por crime de “corrupção de menores” — foram coniventes com a participação deles em um crime. Mas, segundo o promotor da Infância e Juventude, a polícia admitia também encontrar drogas e a prática de outros crimes, o que acabou não acontecendo.

O flagrante foi distribuído agora à tarde na Justiça Estadual tendo caído, por sorteio, na 26ª Vara Criminal. Oficialmente, a Polícia Federal explica sua participação nas investigações por ter recebido a denúncia de uma ONG ligada ao Meio Ambiente. Mas um delegado federal que ocupa um gabinete de destaque na sede do DPF em Brasília informou que a investigação vinha sendo feita há um mês, desde que a Delegacia de Meio Ambiente recebeu, por ofício do Ministério Público Estadual, a informação de que a briga de galo estava acontecendo naquele local, com a participação de pessoas de outros estados, como se não fosse algo ilegal.

Mothé ficou impressionado com o que viu. O ingresso no Clube Privê Cinco Estrelas custava R$ 500. As apostas feitas quinta chegavam a R$ 50 mil e o preço dos galos de briga — foram apreendidos 80 deles — não saía por menos de R$ 2 mil. Dois carros estavam reservados para os vencedores do concurso.

Todos os presos foram autuados por três crimes: artigo 287 (apologia de crime ou fato criminoso) — no local foram encontrados diversos cartazes anunciando as brigas de galo — e art. 288 (formação de quadrilha) do Código Penal, além do artigo 32 (maus tratos a animais) da Lei 9605/98 (Crimes ambientais). Além de Duda Mendonça e do vereador Jorge Babu, foram presos em flagrante José Daniel Tosi, de 80 anos, o advogado Eduardo José de Arruda Buregio; o engenheiro Alberto Juramar Lemos Andrade; e o fiscal de renda aposentado Alamino Lacalle.

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